Mais de mil pessoas aproveitaram o "roletaço" realizado ontem à noite na Central do Brasil, principal estação ferroviária do Rio, e viajaram de graça para casa na volta do trabalho. Foi uma reedição do ato contra o aumento das passagens organizado pelo movimento Passe Livre do Rio na última terça-feira, em que pelo menos 500 pessoas pularam as roletas da Central. Os dois foram pacíficos.
Ontem, o número inicial de manifestantes era menor, cerca de 100, mas os usuários de trem voltaram a aderir em massa ao chamado: "Pula que é de graça!"
Policiais militares mais uma vez acompanharam de perto, sem interferir. O protesto começou por volta das 19 horas, após uma passeata pela avenida Presidente Vargas, e até as 20 horas não havia acabado.
O único princípio de confusão ocorreu logo no início, quando um PM tentou impedir que um manifestante pulasse a roleta, puxando sua camisa. No entanto, o major que comandava os policiais chegou em seguida e liberou o ativista.
A manifestação ocorreu um dia após o prefeito Eduardo Paes (PMDB) ter autorizado um aumento da passagem dos ônibus municipais, que vai entrar em vigor em 8 de fevereiro. Elas passarão de R$ 2,75 para R$ 3. A passagem dos trens custa R$ 2,90.
"Ei, Fifa, paga a minha tarifa", "Mãos para o alto, a passagem é um assalto" E "Au au au, põe na conta do Cabral", gritava em coro a multidão eufórica. Black blocs organizavam as filas de calotes e orientavam os usuários dos trens a não seguir para os guichês da concessionária: "É só passar direto, hoje trabalhador não paga". Jovens pulavam e senhoras passavam por baixo das roletas, comemorando a economia.
"Tinha que ter isso todo dia", disse o analista de sistemas Wagner dos Santos, de 28 anos. "Isso é revolta popular. A gente paga por um transporte caro e de má qualidade. Eu apoio com certeza", declarou o passageiro.