A passeata que estava sendo organizada para protestar contra a morte da adolescente de 16 anos que foi atingida por um tiro de bala perdida nesta quarta-feira (1º.), no bairro Santa Cândida, em Curitiba, foi cancelada. A diretoria do Colégio Estadual Santa Cândida, onde estudava a garota, informou que o ato foi desmarcado porque os familiares estão muito abalados.
A intenção dos responsáveis pelo colégio é que nesta sexta-feira (3) haja uma reunião com os alunos da instituição para melhor organizar a manifestação e definir uma nova data e um horário para a passeata, até para evitar possíveis confusões no trânsito.
Bárbara Silveira Alves, de 16 anos, saía da escola onde estudava quando foi atingida por um dos disparos resultantes de um suposto confronto entre policiais militares à paisana e assaltantes que tentavam roubar um restaurante. A adolescente foi socorrida por uma equipe em um helicóptero e deu entrada no hospital Cajuru, por volta das 13h30, mas faleceu 20 minutos depois.
O velório de Bárbara acontece na capela 2 do cemitério municipal do Santa Cândida. O enterro está marcado para as 14 horas.
Policiais podem depor nesta sexta-feira
A Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) investiga o caso. Segundo a equipe de investigação da unidade, será requisitado que os três policiais militares envolvidos na ocorrência compareçam para depor sobre a morte da adolescente.
O delegado Edward Ferraz, titular da DFR, no entanto, informou que sua equipe está proibida de conceder entrevistas no momento para evitar qualquer especulação que possa atrapalhar a investigação.
Depoimentos de outras testemunhas do crime devem ocorrer a partir da semana que vem. A lista de pessoas que serão ouvidas está sendo apurada pela polícia.
Rodrigo de Souza, testemunhas da cena começaram a ser ouvidas na manhã desta quinta-feira. "Já estamos vendo vídeos e ouvido testemunhas para tentar qualificar o tipo do crime e também ver de onde foi o tiro que matou a menina", afirmou o delegado.
Informação de que houve troca de tiros é questionada
Testemunhas da ocorrência que resultou na morte de Bárbara apontaram, ao site Paraná-Online, que os assaltantes não teriam atirado contra os policiais, contrariando a versão apontada até agora de que houve confronto.
Segundo as pessoas ouvidas, os homens responsáveis pelo assalto ao restaurante já estavam a uma distância considerável do estabelecimento quando os disparos foram feitos.
Na página do Facebook do Colégio Estadual Santa Cândida, o professor Augusto Martins postou um texto em homenagem à sua aluna da disciplina Português. Ele classificou a ação dos policiais militares como desastrosa e afirmou que "um professor não deveria ter que enterrar seus alunos".
"Meu Deus, não tenho palavras só lágrimas. Ainda lembro de nossos debates acalorados em sala de aula; sobre temas como liberdade, justiça, direitos, e; sempre como de costume aquele olhar que não compreendia o por quê de determinadas coisas acontecerem no mundo. Hoje, depois de me deparar com a notícia de sua morte esse olhar é meu minha querida aluna; como é possível isso. Como....", escreveu ele.
PM diz que é prematuro afirmar de onde saiu tiro que atingiu adolescente
A Polícia Militar, por meio de nota oficial, informou que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto para apurar as circunstâncias do caso. Os policiais envolvidos no atendimento à ocorrência serão encaminhados para acompanhamento psicossocial. Segundo a corporação, as armas deles foram recolhidas e enviadas para a perícia.
A nota diz ainda que nesse momento é prematuro afirmar de onde partiu o tiro que atingiu a estudante.
A versão preliminar da PM para o fato é de que, "por volta da 12h30, um homem entrou armado no restaurante, enquanto outro o aguardava do lado de fora em uma moto, e tentou assaltar um funcionário, que reagiu. Três policiais militares que almoçavam no local intervieram na situação, precisando sair atrás dos marginais".
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