Duas ameaças de morte foram feitas aos membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Acre neste mês. Uma das ameaças foi dirigida ao trabalhador rural e agente da CPT Cosmo Capistano, na noite de 3 de junho. "Um homem me ligou e disse: 'Olha, avise aos seus amigos que já morreu gente no Pará, em Rondônia, e agora é no Amazonas e Acre e daí por diante.' Disse isso e desligou", relembrou Capistano.
O agente trabalha na região de Boca do Acre, município pertencente ao sul do Estado do Amazonas, mas confessa que preferiu buscar auxílio das autoridades do Acre porque, segundo ele, o poder do estado é ausente naquela região. "Isso é uma consequência do que vem acontecendo pela não atuação do poder público na regularização de terra no sul do Amazonas. Creio que por isso a gente sofre essas ameaças. A primeira que recebi foi em 2009", conta o agente.
A segunda ameaça foi registrada dias depois da que foi feita a Cosmo Capistano. De acordo com a coordenadora da CPT do Acre, Darlene Braga, um homem ligou para a sede da Comissão Pastoral da Terra em Rio Branco e reportou a ameaça ao funcionário Célio Lima: "Avise aos seus amiguinhos Darlene e Cosmo que eles estão na lista", em seguida o homem que não foi identificado desligou o telefone.
Temendo que a situação se agrave ainda mais, os representantes da CPT foram nesta quinta-feira ao Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC) para denunciar as ameaças e solicitar que o órgão investigue o caso. O procurador da República, Ricardo Gralha Massia, afirmou que um procedimento administrativo foi instaurado para apurar quais as causas desses conflitos agrários e de onde pode estar partindo as ameaças.
"Promovemos essa reunião para identificar que situações estão ocorrendo, viabilizar a proteção e a defesa dessas pessoas que são relevantíssimas para a democracia. A defesa dos Direitos Humanos, seja no campo ou na cidade, precisa ser estimulada, não intimidada através desses atos que foram perpetrados recentemente", afirma o procurador da República.
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