Patologias comuns apenas entre idosos ou pacientes adultos em estado grave também podem se manifestar em crianças. É o caso do reumatismo, da osteoporose, da cirrose e de complicações renais. Embora não existam dados que apontem a abrangência desses problemas na infância, a percepção dos médicos é de que há um aumento no número de casos.
Reumatologista pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, Márcia Bandeira diz que é um equívoco a ideia de que as doenças reumáticas e a osteoporose são enfermidades típicas de pessoas idosas. Como todas as doenças reumáticas, o aparecimento da artrite pode estar associado a situações de estresse e à predisposição genética, apesar de as causas específicas serem desconhecidas. Dados da Organização International de Ensaios Clínicos em Reumatologia Pediátrica mostram que as artrites idiopáticas juvenis são um conjunto de doenças raras, que afetam de 80 a 90 crianças para cada grupo de mil, no mundo todo.
Segundo Márcia Bandeira, a osteoporose também é comum em meninos e meninas. Em muitos casos, os primeiros sintomas como dores nas costas e traumas frequentes são ignorados quando os pacientes são crianças. "A vantagem é que, diferentemente das doenças reumáticas, a osteoporose pode ser prevenida com uma alimentação saudável e rica em cálcio, atividades físicas e exposição ao sol", observa.
Diagnosticada com artrite idiopática juvenil, Emanuele Saievicz, de 7 anos, apresentou os primeiros sintomas da doença antes de um ano de idade. A mãe, Eunice Gonçalves, conta que a filha tinha dificuldades para engatinhar e só deu os primeiros passos aos dois anos e três meses. "Ela quase não corria e passava muito tempo sentada", diz. Os inchaços visíveis nos joelhos e nos dedos dos pés já eram sinais da inflamação nas articulações, mas, entre o surgimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico de artrite idiopática juvenil, a menina passou dois anos recebendo medicação para outras patologias.
Quando chegou ao Hospital Pequeno Príncipe, em janeiro deste ano, Emanuele não conseguia andar por causa das fortes dores nos joelhos e tornozelos, causadas pela inflamação "Os seis anos de evolução da doença causaram danos irreversíveis nas estruturas das partes afetadas. Nosso objetivo agora é controlar a inflamação e manter a mobilidade da Emanuele, permitindo que ela leve uma vida normal", afirma a reumatologista pediátrica Márcia Bandeira.
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