Os sinais do tempo são visíveis nos corredores do Colégio Estadual do Paraná (CEP). Não só nos quadros com velhas fotografias e pinturas que remontam ao início do século passado, mas também nas paredes manchadas pela infiltração e pelos rebocos aqui e ali. As marcas denunciam a idade avançada do prédio 63 anos e reforçam a necessidade premente de se preservar a história. Para alívio de professores, estudantes e milhares de ex-alunos, a urgência sensibilizou o poder público: o CEP será uma das 14 escolas tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado que passarão por obras de restauro ao longo do próximo ano.
Em todo o Paraná, dos 2.100 colégios da rede estadual, 800 têm mais de 50 anos o que por si só representa uma demanda frequente por manutenção e reformas. As 14 escolas tombadas que serão restauradas dependem do aval da Secretaria de Estado da Cultura, com a garantia de que não haja qualquer descaracterização dos ambientes externos e internos. A intenção é preservar o aspecto histórico da unidade de ensino, mesmo que os frequentadores entenda-se alunos sejam adeptos de celulares de última geração.
Por outro lado, dada a idade dos colégios, de seus móveis e estruturas, o tombamento acaba gerando alguns entraves. As duas portas laterais da biblioteca do CEP, por exemplo, estão lacradas porque as dobradiças estragaram e, atualmente, peças semelhantes só são feitas de forma artesanal ou importadas de Portugal substituir por outras mais "simples", nem pensar. Um dos projetores de filmes, importado da Alemanha, não pode ser ligado porque não funciona na rede elétrica do colégio, muito antiga. Isto sem falar nos elevadores que, vez ou outra, ficam fechados por meses à espera de equipamentos hoje raros.
Alunos ilustres
As necessidades de restauros são tantas no Colégio Estadual que, estima-se, os custos de obras desde a pintura da fachada até a troca do piso do ginásio devem oscilar entre R$ 15 milhões a R$ 20 milhões.
Valor que, imagina-se, é pequeno mediante a importância histórica da instituição, criada em 1846, época em que o Paraná ainda era uma província de São Paulo. Ali, os boletins de notas tiveram nomes ilustres como o do ex-presidente Jânio Quadros, o ator Ary Fontoura, o poeta Paulo Leminski e o iluminador Beto Bruel sem citar tantos outros estudantes que fizeram carreira na política, como os ex-governadores Roberto Requião e Jaime Lerner.
"A restauração é uma forma de respeito à memória da educação paranaense. Mostra que precisamos preservar o que é público. E os estudantes, vendo a importância disso, também saberão valorizar o colégio ainda mais", reforça a diretora do CEP, Laureci Rauth.