Projetos devem consumir até R$ 10 milhões
A previsão da Secretaria de Estado de Educação é de que o edital para a produção dos projetos de restauro seja lançado ainda este ano só nesta etapa devem ser investidos entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões, em parceria com o governo federal. As empresas de arquitetura terão a missão de analisar as necessidades de restauração de cada escola e propor alternativas para "modernizar" os ambientes, sem que os prédios percam as características históricas.
"O foco não será só na fachada dos prédios, em recuperar a cor, os arabescos. A intenção não é só preservar, mas transformar as escolas em espaços para o século 21, para que a maioria das pessoas possa usá-las de forma sustentável, inclusive aquelas com problemas de acessibilidade", afirma a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Proteção do Patrimônio Histórico Escolar da Secretaria de Estado da Educação, Maria Helena Pupo.
Como ainda não se sabe quais serão as intervenções necessárias, não há previsão de custos para as obras em si, que devem iniciar ano que vem e terminar em 2015. A intenção é que, além dos restauros, as escolas ganhem espaços para a preservação material de suas histórias, na linha do Centro de Memória já existente no Colégio Estadual do Paraná. Outras exigirão obras maiores a Escola Estadual Faria Sobrinho, em Paranaguá, por exemplo, deve ganhar uma ampliação.
Preservação
O tombamento é uma medida jurídica utilizada para garantir a integridade e preservação de prédios históricos depois que um imóvel é tombado, não é possível mexer na fachada das construções nem descaracterizar os ambientes internos. Apesar do Conselho Estadual de Patrimônio Histórico, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, ser o responsável por oficializar a medida para os prédios estaduais, qualquer pessoa pode solicitar formalmente que um imóvel seja tombado. O Colégio Estadual do Paraná, por exemplo, entrou na lista do Patrimônio Histórico em 1994, após o pedido de três ex-alunas.
Lista
Veja quais são e onde estão as 14 escolas estaduais tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado que passarão por restauros:
Curitiba
Colégio Estadual Doutor Xavier da Silva
Grupo Escolar Cruz Machado
Instituto Estadual de Educação Erasmo Pilotto
Colégio Estadual Tiradentes
Colégio Estadual Dom Pedro II
Colégio Estadual do Paraná
Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa
Lapa
Colégio Estadual São José
Ponta Grossa
Colégio Estadual Regente Feijó
Paranaguá
Instituto Estadual de Educação Doutor Caetano Munhoz da Rocha
Escola Estadual Faria Sobrinho
Antonina
Centro Estadual de Educação Professor Doutor Brasílio Machado
Colégio Estadual Rocha Pombo
Colégio Estadual Moysés Lupion
Os sinais do tempo são visíveis nos corredores do Colégio Estadual do Paraná (CEP). Não só nos quadros com velhas fotografias e pinturas que remontam ao início do século passado, mas também nas paredes manchadas pela infiltração e pelos rebocos aqui e ali. As marcas denunciam a idade avançada do prédio 63 anos e reforçam a necessidade premente de se preservar a história. Para alívio de professores, estudantes e milhares de ex-alunos, a urgência sensibilizou o poder público: o CEP será uma das 14 escolas tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado que passarão por obras de restauro ao longo do próximo ano.
INFOGRÁFICO: Confira alguns momentos marcantes na história do CEP
Em todo o Paraná, dos 2.100 colégios da rede estadual, 800 têm mais de 50 anos o que por si só representa uma demanda frequente por manutenção e reformas. As 14 escolas tombadas que serão restauradas dependem do aval da Secretaria de Estado da Cultura, com a garantia de que não haja qualquer descaracterização dos ambientes externos e internos. A intenção é preservar o aspecto histórico da unidade de ensino, mesmo que os frequentadores entenda-se alunos sejam adeptos de celulares de última geração.
Por outro lado, dada a idade dos colégios, de seus móveis e estruturas, o tombamento acaba gerando alguns entraves. As duas portas laterais da biblioteca do CEP, por exemplo, estão lacradas porque as dobradiças estragaram e, atualmente, peças semelhantes só são feitas de forma artesanal ou importadas de Portugal substituir por outras mais "simples", nem pensar. Um dos projetores de filmes, importado da Alemanha, não pode ser ligado porque não funciona na rede elétrica do colégio, muito antiga. Isto sem falar nos elevadores que, vez ou outra, ficam fechados por meses à espera de equipamentos hoje raros.
Alunos ilustres
As necessidades de restauros são tantas no Colégio Estadual que, estima-se, os custos de obras desde a pintura da fachada até a troca do piso do ginásio devem oscilar entre R$ 15 milhões a R$ 20 milhões.
Valor que, imagina-se, é pequeno mediante a importância histórica da instituição, criada em 1846, época em que o Paraná ainda era uma província de São Paulo. Ali, os boletins de notas tiveram nomes ilustres como o do ex-presidente Jânio Quadros, o ator Ary Fontoura, o poeta Paulo Leminski e o iluminador Beto Bruel sem citar tantos outros estudantes que fizeram carreira na política, como os ex-governadores Roberto Requião e Jaime Lerner.
"A restauração é uma forma de respeito à memória da educação paranaense. Mostra que precisamos preservar o que é público. E os estudantes, vendo a importância disso, também saberão valorizar o colégio ainda mais", reforça a diretora do CEP, Laureci Rauth.
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