O dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-ministro Paulo Bernardo (foto), quando ainda respondia pela pasta de Planejamento, lhe pediu R$ 500 mil para a campanha de sua esposa, Gleisi Hoffmann (PT-PR, foto), ao Senado, em 2010. O Globo teve acesso ao depoimento de Pessoa, um dos delatores da Lava Jato. O empreiteiro ressalta que essa doação foi legal e não houve desconto da “conta corrente” de propina que era comandada pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Bernardo nega ter feito o pedido.
O depoimento faz parte do inquérito que apura a acusação de que a senadora teria recebido R$ 1 milhão para a sua campanha de 2010 com recursos desviados da Petrobras. Tanto o doleiro Alberto Youssef quanto o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmam que o dinheiro foi disponibilizado a pedido de Bernardo. Os dois divergem, porém, sobre quem teria recebido tal solicitação. Youssef diz que foi o ex-diretor da Petrobras, enquanto Costa afirma que o pedido foi feito pelo ex-ministro ao doleiro. Youssef diz que o dinheiro foi entregue a Ernesto Kluger Rodrigues, dono de um shopping em Curitiba. Rodrigues nega ter recebido.
O depoimento contradiz as afirmações de Bernardo e Gleisi no mesmo inquérito. Rodrigo Mudrovitsch, advogado do casal, diz que Bernardo reitera suas declarações públicas de que não fez o pedido de doação a Pessoa. O advogado destaca que Pessoa reconheceu no depoimento que a doação realizada foi legal e sem qualquer vinculação com a Petrobras.
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