São Mateus do Sul O desenvolvimento econômico que a pavimentação dos 27 quilômetros entre São Mateus do Sul e Três Barras, na PR-151, trará para a Região Sul do estado contrasta com um possível crime ambiental. Isso porque 200 alqueires de floresta nativa de araucárias além de imbuias e cedros podem ser derrubados para a construção de dois desvios do traçado original da estrada.
O engenheiro aposentado Carlos Ayala, proprietário de uma chácara à beira da rodovia, teme que os 20 alqueires de mata nativa que sua família preserva há mais de 100 anos sejam cortados. "Não se discute que a rodovia será boa, mas poderiam haver alternativas para não se cortar as árvores", alega. Entre elas, o aposentado sugere a colocação de sinalização na própria pista para avisar sobre curvas e desníveis perigosos, motivos alegados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) para modificar o traçado. Por sua posição contrária à derrubada de árvores, Ayala chegou a ser ameaçado por alguns moradores vizinhos.
Para derrubar a mata nativa, o DER precisa de uma licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). De acordo com o diretor do instituto, Rasca Rodrigues, tal licença é concedida somente após um estudo de impacto ambiental, em que o responsável pela obra apresenta três rotas alternativas, sendo escolhida a de menor impacto. O IAP informa que a autorização ainda não foi emitida.
Esperança
Longe da burocracia, os moradores próximos à rodovia sonham com o asfalto. O comerciante Samuel Santana, dono de uma mercearia à beira da rodovia, aguarda o asfalto há 36 anos e faz planos. "Minha idéia é montar uma lanchonete e aumentar minha clientela", planeja.
O caminhoneiro Paulo Ivan Gomes, que passa duas vezes por dia na estrada, tem dúvidas se as obras serão mesmo concluídas. "Já vi começarem a mexer nessa rodovia três vezes", lembra. Há três horas parado por causa de um buraco na pista no momento da entrevista, Gomes teme que a estrada seja pedagiada. "Aí estamos perdidos de vez", diz.
Por enquanto, as obras estão no início. Funcionários apenas limpam a estrada e colocam manilhas para o escoamento de água da chuva.
O DER informa que apenas 20% da estrada terá o traçado modificado e que nesses trechos não ocorrerá alterações ambientais. Além disso, o departamento ainda negocia com os proprietários rurais a melhor forma de desapropriação.
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