Na retomada das discussões para renovar a outorga do Sistema Cantareira, a baixa vazão dos rios que abastecem as regiões de Campinas e Piracicaba, no interior de São Paulo, preocupa o Consórcio Intermunicipal das Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ). O presidente Reinaldo Nogueira (PMDB), prefeito de Indaiatuba, considera necessário ao menos triplicar o volume atual de água liberado para as bacias do interior na operação do sistema.
Nesta segunda-feira (18) a liberação de água do sistema para os rios Atibaia e Jaguari, formadores do rio Piracicaba, foi fixada pela Agência Nacional de Águas (ANA) entre 0,5 e 2,5 metros cúbicos por segundo, abaixo dos 5 m3/s previstos na outorga. Nogueira vai propor uma vazão de 12 metros cúbicos por segundo para não ser comprometido o crescimento da região. Na sexta-feira (15), a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) fixaram um cronograma para as discussões sobre a nova outorga. As propostas dos interessados sobre a renovação serão recebidas até 14 de agosto. A novo outorga será definida até 31 de outubro próximo.
Com as chuvas escasseando, os níveis caíram em todos os pontos de medição considerados pela Sala de Situação do PCJ, que monitora as bacias. Em uma semana, conforme boletim divulgado nesta segunda-feira, 18, a vazão média do Alto Atibaia baixou de 10,2 m3/s para 7,1 m3/s, enquanto no Baixo Atibaia recuou de 11,9 para 8,6. O rio Atibaia responde pelo abastecimento de Campinas e entra em alerta quando a vazão fica igual ou menor que 5 m3/s. O boletim da Sala de Situação considera a média semanal, mas nesta segunda, a vazão havia caído para 6,31 m3/s.
A vazão média semanal do Camanducaia caiu de 3,69 para 2,39, mas a vazão pontual tinha passado o nível de alerta, de 2 m3/s, atingindo 1,87 na tarde desta segunda-feira. O rio Jaguari caiu de 16,9 para 13,5 - os dois mananciais formam o rio Piracicaba, cuja vazão caiu de 56,3 para 31,9 m3/s nesta segunda-feira. Para o presidente do PCJ, os municípios que não investiram na ampliação das reservas de água correm o risco de desabastecimento até outubro deste ano, quando volta o período chuvoso.
Em Itu, cidade castigada pela crise hídrica em 2014, a principal obra para enfrentar a escassez está atrasada. A adutora de 22,5 quilômetros que vai retirar água dos ribeirões Mombaça e Pau D’Alho para complementar o abastecimento da cidade deveria ter ficado pronta em janeiro. De acordo com a concessionária Águas de Itu, as chuvas atrapalharam os serviços que, segundo a empresa, serão concluídos até junho.
Em Nova Odessa, a represa Recanto II foi desassoreada durante a estiagem do ano passado e teve a capacidade aumentada em 75 milhões de litros. Com as chuvas e medidas de economia, as represas que abastecem a cidade estão com 85% de sua capacidade - no ano passado, nesta época, estavam com 50%. Na última sexta-feira, a prefeitura decidiu suspender o racionamento em vigor desde 2014 - os registros eram fechados durante a noite. Uma lei prevê multa para quem desperdiça água. De acordo com o serviço municipal de água, se houver necessidade o rodízio no abastecimento voltará a ser adotado.
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