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Enquanto o governo federal prepara um projeto de lei que dará respaldo legal aos municípios que desejarem intensificar as restrições à circulação de veículos por razões ambientais ou de urbanismo, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) tranqüiliza os motoristas da capital. "Curitiba ainda não precisa de ações como o pedágio urbano ou rodízio", diz o engenheiro José Álvaro Twardowski, diretor de Sistema Viário do Ippuc.

Entre as metrópoles brasileiras, apenas São Paulo e Rio de Janeiro precisam urgentemente de ações drásticas para o controle do tráfego, explica Alexandre Gomide, diretor de Regulação e Gestão da Secretaria de Transportes Urbanos do Ministério das Cidades, responsável pela elaboração do projeto de lei, que deve ser enviado ao Congresso Nacional até o fim do ano. Mas, antes disso, ele promete que haverá assembléias públicas nos grandes centros metropolitanos do Brasil, incluindo Curitiba.

O projeto elaborado pelo Ministério das Cidades não se restringe a medidas para controle do tráfego, apresentando também orientações de caráter geral e regulamentações para o transporte coletivo. A polêmica, no entanto, deve ficar para as restrições. "Essa lei é necessária para evitar acontecimentos como os de Brasília, em que uma liminar derrubou as faixas exclusivas para ônibus", justifica Gomide. Ele acrescenta que, mesmo com a aprovação do projeto, nenhuma medida radical deve ser implantada imediatamente. "Às vezes são necessários anos de discussão para aparecer alguma limitação", completa.

Gomide citou como exemplo de medidas restritivas o rodízio paulistano e a limitação ao tráfego de caminhões na Zona Central de Tráfego (ZCT) de Curitiba. Para Twardowski, ainda "há muito campo para a prefeitura se mexer", antes de implantar novas proibições. "Ainda temos a opção de muitas obras viárias (como viadutos) e melhoria do sistema de semáforos", diz, lembrando que o planejamento urbano de Curitiba nos últimos 40 anos prioriza o transporte coletivo, usado por 70% da população da cidade, segundo dados do próprio Ippuc – outros 25% usam carro e apenas 5% se deslocam a pé ou de bicicleta.

Embora descarte a adoção de pedágios ou rodízios, Twardowski admite a existência de gargalos de tráfego na cidade, como as ruas Visconde de Guarapuava, Mateus Leme e Issac Ferreira da Cruz. Para resolver alguns desses problemas, a prefeitura deve iniciar, a partir do ano que vem, uma série de obras para facilitar o trânsito, mas o engenheiro do Ippuc também conta com a capacidade de adaptação do motorista, no sentido de que busque caminhos alternativos quando identificar pontos de congestionamento.

Limitações

Alexandre Gomide, do Ministério das Cidades, enumera as medidas que algumas cidades e países adotaram para controlar o trânsito:

Londres - Para entrar no centro financeiro da cidade, o condutor paga 5 libras (cerca de R$ 25) por dia. O controle é feito com câmeras.

Cingapura - A cidade é dividida em anéis concêntricos. O motorista paga mais à medida que se aproxima do centro.

Paris - Quando os instrumentos de medição acusam qualidade do ar abaixo do limite mínimo, a entrada de automóveis no centro é suspensa.

Milão - Em um domingo por mês, a circulação de carros no centro histórico é proibida.

Japão - Antes de comprar um carro, o motorista deve provar que tem um local para estacioná-lo.

Estados Unidos - Rodovias têm faixas especiais para carros com um número mínimo de passageiros.

876.987 automóveisformavam a frota de Curitiba em julho de 2005, segundo o Detran. A frota cresce de 6% a 6,5% por ano.

4.335 quilômetrosfoi a extensão total das ruas na cidade de Curitiba medida em outubro de 2004, de acordo com o Ippuc.

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