A cobrança de pedágio na Rodovia Régis Bittencourt (trecho da BR-116 entre Curitiba e São Paulo) vai acelerar e garantir recursos para a construção do lote quatro do Contorno Norte, ligação entre a PR-417, a Rodovia da Uva (em Colombo), e a antiga BR-116 (no limite entre Colombo e Quatro Barras), na região metropolitana de Curitiba. A conclusão da obra vai atingir principalmente o bairro Santa Cândida, em Curitiba, e a cidade de Colombo, onde hoje caminhões carregados ainda trafegam em áreas urbanas para alcançar a BR-116, no sentido São Paulo, e a BR-277, no sentido interior do estado.
A obra está no cronograma de investimentos previstos na licitação que a empresa espanhola OHL venceu no mês passado. O trecho terá pista dupla (23,6 quilômetros) e vai custar R$ 57,2 milhões (veja mapa ao lado). Ele deve ser feito nos três primeiros anos de concessão, contados a partir da assinatura do contrato. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já homologou a licitação que se encontra na fase de recursos.
Por enquanto, o Contorno Norte começa na BR-277 (Curitiba) e termina na Rodovia da Uva (Colombo). Com isso, parte do fluxo diário (cerca de 12 mil veículos, a maioria de caminhões) passa por bairros residenciais e áreas comerciais de Curitiba e Colombo.
Um dos locais mais afetados é o bairro Santa Cândida, ponto de partida da Rodovia da Uva, por onde passam caminhões no sentido São Paulo e no inverso, a caminho do interior do estado. A rota de escape inclui a Avenida Paraná e a Avenida Mascarenhas de Moraes, em direção ao Trevo do Atuba. O drama é semelhante ao vivido por moradores e comerciantes de Santa Felicidade antes da conclusão do lote dois, há cerca de dois anos, época em que era comum enxergar caminhões circulando no centro gastronômico da capital.
Hoje a situação se repete na região Norte de Curitiba. O fluxo de caminhões oferece perigo a pedestres e alunos do Colégio Estadual Santa Cândida, e o barulho atrapalha comerciantes, que buscam alternativas para conviver com o ronco dos motores, ruídos e vibrações com a passagem de veículos de transporte de carga.
Os donos da Eletrônica Cruzeiro, por exemplo, localizada no prolongamento da Avenida Paraná, instalaram uma porta de vidro que serve como isolante acústico. "O nosso trabalho precisa de concentração, mas o barulho é insuportável. É um sufoco ficar aqui o dia inteiro", justificou a comerciante Dirce Saldanha.
Além dos inconvenientes para os curitibanos, o trânsito pesado também está trazendo problemas para Colombo. "A Rodovia da Uva ficou bastante comprometida nos horários de pico", afirmou o prefeito J. Camargo.
Projeto
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná elaborou um anteprojeto do quarto lote do Contorno Norte há cerca de 13 anos, com 11,780 quilômetros a metade do previsto agora, porque a pista seria simples, não dupla. Depois ele foi entregue ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit). O traçado original prevê a extensão da pista até a antiga BR-116, no acesso ao Parque da Ciência Newton Freire Maia, no limite de Colombo com Quatro Barras e Pinhais. Mas ele pode ser alterado por causa do avanço da urbanização ocorrida nos últimos anos na região metropolitana de Curitiba.
A obra vai fechar o anel rodoviário do entorno de Curitiba. Hoje estão prontos e sendo utilizados os Contornos Sul, Leste e parcialmente o Norte (entre a BR-277 e a Rodovia da Uva).