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Comportamento

Pedalar é o barato de Paranaguá

Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). (Foto: Divulgação)

Paranaguá – Elas são magras, esbeltas e fazem muito sucesso em Paranaguá. Não são as musas do verão que decidiram descer ao litoral fora de temporada, mas as bicicletas – as populares "magrelas" –, o meio de transporte mais comum na cidade.

Pelo menos 30% da população do município, estimada em 160 mil pessoas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usa a bicicleta para se locomover. São cerca de 48 mil circulando nas ruas. É o triplo da frota de carros e mais de cinco vezes a quantidade de motocicletas registradas em Paranaguá. Para facilitar o trânsito e dar um pouco mais de segurança aos ciclistas, as principais avenidas da cidade possuem ciclovias em toda a extensão. Uma nova via exclusiva está sendo delimitada e há planos para outras.

Com o uso das bicicletas, os moradores de Paranaguá dão uma lição de meio ambiente e urbanismo. O transporte limpo e barato é alternativa para qualquer tipo de locomoção, seja para o trabalho, esporte ou lazer. Os parnanguaras pedalam para chegar a qualquer lugar. A roupa também não precisa ser apropriada. A vendedora de cosméticos Cleide da Silva Alencar não limita a escolha no guarda-roupa por conta da sua opção de transporte. "Eu não estou nem aí. Escolho a roupa que eu quero e saio. Também não me importo de ir a todos os lugares de bicicleta. Aqui o povo não liga," diz a moça, que combina as sandálias de salto alto com os pedais da bicicleta enquanto circula pela cidade.

Bicicleta também é instrumento de trabalho no litoral. Levam carga, são usadas para publicidade e até como banca de vendedor ambulante. Saul Simões e o amigo José Carlos aproveitaram as magrelas para fazer um carreto, levando engradados cheios de cerveja de Paranaguá para a Ilha de Valadares. Já o funcionário público Bento Zacarin e a filha vão ao supermercado de bicicleta. Para voltar para casa, as compras e a criança são devidamente acomodadas.

Essa espécie de "bicicletópolis" não se importa muito com modelos modernos e cheios de tecnologia que reduzem o esforço e o peso do equipamento. Em Paranaguá a versão mais popular é a antiga bicicleta de ferro, com garupa e cestinha, para carregar os pertences.

A idade da frota, porém, não é razão para o usuário relaxar na hora de estacionar a bicicleta. Quem pára a bike em algum lugar sem proteção, ainda que por alguns instantes, provavelmente ficará a pé. Mesmo quando estão cadeadas, muitas são roubadas. "Na semana passada levaram a bike da minha cunhada. Também tenho vários amigos que já foram roubados. Levaram com cadeado e tudo", conta o estudante Guilherme Augusto Gaewesk.

Mesmo sem estatísticas dos roubos na cidade, a prefeitura tem um projeto de cadastramento que promete ajudar quem foi vítima do amigo do alheio. Todas as bikes receberiam um lacre e o proprietário teria um certificado de registro. Em caso de venda, precisaria ser feita a transferência, como ocorre com carros e motos.

O controle de propriedade poderia ser usado para a disciplina no trânsito. Como ocorre com motoristas convencionais, os ciclistas também cometem infrações. Em algumas áreas da cidade, como pontes e calçadões, é proibido pedalar. Apesar das placas de advertência, o respeito a passa a léguas de distância.

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