Curitiba Os curitibanos têm pressa. Uma pesquisa feita em 32 grandes cidades ao redor do mundo revelou que o pedestre da capital paranaense é o sexto mais veloz. Em comparação com o início dos anos 90, o ritmo de vida está alterado em todos os locais pesquisados as pessoas estão andando em média 10% mais rápido.
A velocidade no andar não está necessariamente ligada à qualidade de saúde da população. Mas pode ser um bom ou um mau indicador, dizem especialistas, dependendo de como essa rapidez no caminhar está sendo aplicada.
Para o inglês Richard Wiseman, professor de Psicologia na Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, que participou da pesquisa, as pessoas que andam rápido também comem e falam com pressa, usam relógio e ficam impacientes com mais facilidade. O professor acredita que a cada vez maior necessidade de velocidade está relacionada com a cultura do telefone celular. "Nós temos o sentimento de que devemos estar produzindo e ativos o tempo todo. Isso é estimulado pela cultura do e-mail, do texto, do telefone celular", diz.
O professor de Ortopedia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Luís Carlos Sobânia, afirma que uma caminhada sem interrupção por meia hora substitui a corrida no parque e ajuda na saúde. "Ir de casa para o trabalho, por exemplo, pode suprir a necessidade de exercício do dia", garante.
Metodologia
Segundo o British Council, organização internacional oficial do Reino Unido para assuntos culturais e educacionais, que coordenou o estudo, em cada cidade, os pesquisadores encontraram uma rua movimentada, com uma calçada larga e nivelada, livre de obstáculos e suficientemente vazia para permitir que as pessoas andem em sua máxima velocidade. Depois, cronometraram quanto tempo levou para 35 pessoas andarem 18,3 metros.
Em Curitiba, a média dos pedestres foi de 11 segundos e 13 décimos. Os mais rápidos foram os habitantes de Cidade de Cingapura (veja lista nesta página), que completaram o trajeto em 10s55. Os lanternas foram os malauianos de Blantyre, com 31s60.
Para a dona de casa Fabiane Beskow, de 17 anos, a pesquisa é fidedigna ao que ela vê quando anda pela Rua XV, no Centro de Curitiba. "Deve ser verdade, porque aqui se bobear as pessoas te atropelam. Sempre tem alguém que acaba batendo na gente", diz. O clima ameno da cidade pode ter influenciado o resultado. "Em cidades quentes é mais difícil manter um ritmo rápido, então Curitiba pode ter sido favorecida por ter um clima mais ameno", diz Sobânia.
A diretora de projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Célia Bim, diz que a cidade está "trabalhando com a nova legislação de calçadas, que adota pisos regulares e antiderrapantes, o que pode estar contribuindo para o aumento da velocidade do pedestre". A prefeitura agora vai realizar uma experiência na Rua Marechal Floriano, ao utilizar um novo tipo de piso de concreto. "Dependendo do resultado, isso vai ser estendido para outras áreas", diz Célia.