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A instalação de um semáforo ao lado do prédio do Tribunal de Justiça do Paraná não alterou as constantes cenas de pessoas correndo, ilhadas em meio ao fluxo de carros, ou num cansativo vai-não-vai para atravessar a larga Rua Ernani Santiago de Oliveira, no Centro Cívico, em Curitiba. Num intervalo de cinco minutos, a reportagem da Gazeta do Povo contou a travessia de 34 pessoas fora do sinaleiro contra uma que utilizou o equipamento, que interrompe o tráfego somente com a solicitação do pedestre.

Apesar de considerarem a via perigosa para travessia, os pedestres ainda preferem enfrentar os carros do que a subida de cerca de 40 metros de distância entre o semáforo (instalado acima da entrada e saída de veículos do tribunal) e o ponto de maior movimentação de pedestres (na altura da rotatória em frente à prefeitura).

"Estreei hoje", diz a copeira Shirlei Alves de Paula, única pedestre a utilizar o semáforo no horário monitorado pela Gazeta. Funcionária há 20 anos do Tribunal de Justiça, Shirlei confessa que só apertou o botão para atravessar a rua porque passou exatamente pelo ponto de instalação do sinaleiro. "Não ando até lá para atravessar, demora muito subir até lá e depois descer", conta, se referindo ao trajeto entre o Tribunal de Justiça e a Escola de Magistratura, do outro lado da rua. Desde 1999, moradores e trabalhadores da região solicitam na prefeitura uma solução para o problema de travessia nas ruas do entorno do Centro Cívico.

Para o aposentado Albino Setti, de 73 anos, que mora perto do tribunal, a intenção da prefeitura foi melhor do que o resultado alcançado com a instalação do equipamento. "Para mim ficou melhor, mas não sei se este era o melhor ponto para a instalação. As pessoas atravessam a rua ao longo de toda a quadra, elas não andam até aqui especialmente para isto", avalia. O advogado Alfredo Costa Filho, que com freqüência vai ao Tribunal, apostaria mais num redutor eletrônico de velocidade. "Os carros passam aqui muito embalados, em alta velocidade. É um ponto muito difícil de travessia. Você começa a atravessar e acaba voltando para a calçada, com medo de ser atropelado", afirma.

Como o trânsito no local só é interrompido após o acionamento do pedestre, o sinaleiro não tem provocado reclamações entre os motoristas. O equipamento não chega a provocar filas longas de carros, já que o sinal fica fechado durante um intervalo curto de tempo. O motorista profissional Judir Chaves, de 35 anos, só foi notar ontem, após a abordagem da reportagem, a presença do equipamento, instalado desde o dia 20 de outubro. "Nunca vi carro parado ali", argumenta.

De acordo com a gerente de engenharia da Diretran, Rosângela Battistela, não há possibilidade de alteração do local de instalação do semáforo. Aproximar o equipamento da rotatória, segundo ela, provocaria congestionamentos e pioraria o trânsito na região. "Precisamos conciliar o fator técnico com a necessidade dos usuários. Fora da área central, damos preferência para a segurança e mobilidade do pedestre, mas aquele é um ponto complicado, alteraria muito o trânsito", explica. Para Rosângela, o uso do equipamento também é uma questão de costume e cuidado com a segurança dos próprios pedestres. A Diretran tem atualmente projetos para implantação de outros 35 semáforos na cidade.

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