Colega de Mohammed, o cirurgião pediatra sírio Salloum Nakula, 49 anos, com mais de 15 anos de experiência na Medicina, enfrenta o mesmo problema. Ele está em Curitiba há menos tempo e ainda não fez o Revalida, mas já encontrou dificuldades na quantidade de documentos que precisa reunir para se preparar para o processo. “Eu me formei na Rússia. Precisaria buscar documentos. É muita burocracia. A gente agradece o Brasil por nos receber, mas é muito complicado”, diz ele, que agora tem procurado emprego em lojas e restaurantes para poder pagar as contas.
Há cerca de 3 meses no Brasil, Salloum também já fala bem o português. “Aprendi na internet, antes de chegar aqui”, conta ele, que tenta ganhar estabilidade financeira em Curitiba para receber sua mulher, também médica, que ainda está na Síria.
Já Mohammed mora com a mãe e quatro irmãos. A irmã mais nova tenta o vestibular e os outros irmãos, um dentista, um engenheiro de petróleo e uma farmacêutica, também tentam revalidar seus diplomas, em processos que seguem trâmites diferentes. Os dois médicos especialistas sírios, Mohammed Feras Al-lahham e Salloum Nakula, afirmam que a possibilidade de entrar no Mais Médicos não é uma solução. O programa do governo federal, criado para atrair médicos estrangeiros e tentar combater o problema da falta de profissionais em algumas cidades, permitiria a atuação de Mohammed e Salloum só por um determinado período, e o processo de revalidação do diploma permaneceria pendente.
Além disso, os médicos solicitados pelo governo federal são clínicos gerais. “Eles acham que se trata apenas de dinheiro. Mas não é isso. Para mim, é uma questão de dignidade, de poder continuar na minha profissão”, afirma Mohammed. A visão de Salloum é semelhante. “O Mais Médicos precisa de clínico geral. Eu gostaria de trabalhar na minha área.”
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