Pedidos de intervenção militar “mancham” desfile cívico em Curitiba

Pedidos de intervenção militar mancharam o desfile cívico de sete de setembro em Curitiba. Um grupo de cerca de 30 pessoas com faixas pedindo “ajuda” dos militares para “impedir o comunismo no Brasil” acompanhou os desfiles na região da praça Nossa Senhora de Salete. Após a conclusão do ato cívico, eles marcharam pela avenida Cândido de Abreu gritando palavras de ordem e pedindo a saída de Dilma Rousseff (PT).

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O caráter antidemocrático da manifestação era evidente. Em uma das faixas, uma manifestante pedia que as forças armadas “salvassem o Brasil, como em 1964”. Enquanto os militares desfilavam, eles berravam pedindo apoio. Ao longo da avenida, algumas pessoas também expuseram cartazes pedindo intervenção.

Presente no evento, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) disse não ter visto a manifestação, que ocorreu a cerca de 500 metros do palanque destinado às autoridades. Ele disse, entretanto, que pensar na volta da ditadura é preocupante.

“Entendo a crítica ao momento que a gente está vivendo, que é preocupante. Mas também me preocupa a gente pensar na volta de um modelo que deixou sequelas até hoje no país. Temos que aprender a enfrentar a crise dentro da estrutura institucional”, destacando que os próprios militares rejeitam a ideia. Para ele, entretanto, essa manifestação não manchou o evento.

Análise parecida fez o governador Beto Richa (PSDB). “Isso é em função do momento que o país atravessa, essa forte crise financeira, política e ética. A população cobra novas posturas dos dirigentes. Mas eu entendo que a democracia tem que ser respeitada e fortalecida”, disse.

Além dos pedidos de intervenção militar, um manifestante mostrou um cartaz com os dizeres “Fora Beto Richa”, que ficou exposto apenas por alguns minutos. Um dos jipes que participou do desfile trazia faixas pedindo o impeachment da presidente Dilma: em uma delas, a mensagem era “Não tem vermelho na nossa bandeira”. Através de sua assessoria de imprensa, a Polícia Militar (PM) comunicou que a orientação era de não interferir em qualquer manifestação política pacífica no evento.

Apesar desses protestos, o desfile transcorreu normalmente, sem ocorrências de violência ou distúrbios na região. A PM estima que cerca de 30 mil pessoas acompanharam o desfile, além de 2 mil participantes.

A aposentada Eliana da Silva foi ao desfile pela primeira vez, junto com sua família, e disse ter gostado do evento. “Estou gostando, é muito bonito. O desfile das escolas estaduais foi muito bonito, deviam participar mais [instituições], escolas de bairro. O exército também está muito bonito”, declarou. Ela disse, porém, que as manifestações “não estavam em um lugar apropriado, especialmente num dia como hoje”.

Já Deise Waculicz, pedagoga da rede municipal de ensino, costuma assistir ao desfile todos os anos. “É sempre muito bonito, uma forma cívica de comemorar o amor à nossa pátria. Meu neto desfila pelo colégio militar, então é uma comemoração familiar e cívica”, disse.

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