A presença cada vez maior das câmeras de vigilância no Centro Histórico de Curitiba tem obrigado traficantes e usuários de crack a migrar para os espaços ainda livres dos olhos eletrônicos da polícia. Quarenta e um equipamentos monitoram durante 24 horas a maior parte de todo o anel central da capital, mas as sombras remanescentes garantem a continuidade dos negócios. Há casos em que basta virar a esquina ou avançar uma quadra na mesma rua para fugir das câmeras, caso da Rua São Francisco, na esquina com a Riachuelo.

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A câmera instalada na esquina da Avenida Barão do Serro Azul não alcança a quadra inicial da São Francisco, justamente por onde os traficantes fazem chegar o crack que abastece as bocas de fumo no quadrilátero formado ainda pelas ruas Presidente Faria e Presidente Carlos Cavalcanti. Todas as noites, entre as 20 e 21 horas, um motociclista traz o pacote cheio de pedras aos encarregados pela venda aos "pedreiros" (consumidores da droga), o que acontece na porta de um centro de educação de jovens e adultos, o Ceebja (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) Poty Lazzarotto.

Ali, a Gazeta do Povo flagrou na última quarta-feira à noite tanto o comércio do tráfico como o consumo de crack na rua, em meio ao movimento de saída da escola. Os traficantes resistem nesses últimos redutos porque do contrário teriam de invadir e disputar territórios já ocupados pelos concorrentes. Apesar das restrições impostas pela vigilância eletrônica, esses pontos ainda são vantajosos para os usuários da classe média, que não precisam se deslocar às perigosas bocas de fumo da periferia.

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Hotéis, bares e casas de shows do Centro Histórico já foram alvo de 119 autuações das Ações Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu), que reúnem policiais e agentes da prefeitura. Dois hotéis que funcionavam como motéis foram embargados e multados por favorecimento à prostituição. Um voltou a funcionar com liminar da Justiça, mesma situação de uma casa noturna que não tem alvará e cujas multas somam R$ 4,8 mil.

A Polícia Militar está fazendo um levantamento estatístico do Centro Histórico. O estudo não está pronto, mas o comandante do 12º Batalhão, major Roberto Rueda Isprogenski, diz que aumentaram as prisões e apreensões de drogas. Segundo ele, 20 policiais do pelotão de motos fazem rondas na região.

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