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Granizo em Campo Largo

“Pela fresta eu vi o telhado dos meus vizinhos caindo”

O granizo destruiu a casa de Ana Lúcia. “Só tive tempo de me proteger atrás da porta.” | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
O granizo destruiu a casa de Ana Lúcia. “Só tive tempo de me proteger atrás da porta.” (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

"Eu perdi tudo. Não sobrou absolutamente nada na minha casa", lamenta Ana Lúcia da Costa ao observar telhas, forro, móveis e eletrodomésticos da residência feitos em pedaços pela chuva de granizo que atingiu centenas de residências em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, no fim da tarde de sexta-feira. "Na hora da chuva, eu só tive tempo de me proteger atrás da porta. Pela fresta eu vi o telhado dos meus vizinhos caindo, assim como aconteceu na minha casa. Foi horrível", descreve a dona de casa.

Assim como ela, diversos moradores do bairro Ouro Verde, um dos mais atingidos, passaram o fim de semana debaixo de chuva tentando contabilizar os prejuízos e se recuperar do susto provocado pelo temporal. Ana Lúcia, por exemplo, mora no mesmo terreno com outras três famílias. Das quatro casas, somente uma, a da mãe dela, Emy da Costa, não perdeu todo o telhado. Com a falta de telhas na cidade, os vizinhos juntaram o pouco de lona que encontraram e ajudaram a cobrir a casa. "Por enquanto a família toda vai se reunir aqui para dormir", conta Emy.

A Rua Comendador Mariano Torres, onde mãe e filha moram, foi uma das mais afetadas. Ao longo das quatro quadras que ligam a Rodovia do Café e o Parque da Lagoa, no norte da cidade, o rastro de destruição é visível. "Nenhuma casa passou ilesa nessa área", diz o coordenador da Defesa Civil do município, Marvel Alberto Bertani, que mora nessa rua e teve a oficina mecânica atingida pelas pedras de gelo.

A situação se repetia em centenas de casas da cidade. "Já perdemos quase tudo, mas o medo continua. Se a chuva volta, vamos perder o pouco que sobrou", explica o vendedor Mario Luiz Varesi, que mobilizou amigos para cobrir a casa com uma lona doada pela igreja. "Diz que aqui e em Curitiba não existem mais telhas nas lojas. Um conhecido meu só conseguiu material em Ponta Grosa", afirma.

Prejuízo

O cenário devastador extrapola as áreas residenciais da cidade. "Até o momento eu contei quase 200 telhas quebradas e pelo menos R$ 15 mil em peças danificadas ou perdidas", afirma o dono de uma revendedora de peças de máquinas agrícolas, Gerson Manera. Segundo ele, em 50 anos morando na cidade, nunca uma chuva foi tão catastrófica. "Eram pedras de gelo muito grandes, com pelo 10 centímetros de diâmetro", relembra. No pátio de duas concessionárias ao lado da loja de Gerson, dezenas de veículos novos tiveram os vidros quebrados.

Hospital

Um dos cenários mais devastados pela chuva foi o prédio antigo do Hospital Nossa Senhora do Rocio, no centro de Campo Largo. Parte do teto cedeu e pacientes tiveram de ser transferidos às pressas. Ninguém se feriu. Ontem, todos os cerca de 400 pacientes já haviam sido mudados para a nova unidade. As pedras de gelo perfuraram o forro da UTI neonatal, que atendia 50 recém-nascidos. "Só tivemos tempo de retirar os pacientes e alguns aparelhos", conta o diretor-geral do hospital, Luiz Ernesto Wendler. A nova unidade do hospital ficará uma semana sem receber novos pacientes.

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