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O granizo destruiu a casa de Ana Lúcia. “Só tive tempo de me proteger atrás da porta.” | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
O granizo destruiu a casa de Ana Lúcia. “Só tive tempo de me proteger atrás da porta.”| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Estragos

Chuva fecha escolas no município

A Secretaria Municipal de Educação de Campo Largo e a Secretaria de Educação do Paraná decidiram suspender as aulas durante três dias em 14 instituições públicas de ensino em virtude dos estragos causados pelas chuvas de sexta-feira. Outras duas escolas terão suspensão só hoje.

São seis escolas estaduais que terão aulas suspensas de hoje a quarta: Domingues Cavalli, São Pedro e São Paulo, Sagrada Família, Darlei Adad, Clotário Portugal e Escola Especial ERCE. Nos mesmos dias, haverá suspensão de aulas em cinco escolas municipais – Rosália Remonato, Reino da Loucinha, 7 de Setembro, Madalena Portela, Anchieta – e em quatro creches e Cmeis: Vitor de Almeida Barbosa, Mariinha, Odila Portugal e Ouro Verde. Nos colégios estaduais Macedo Soares e João XXIII há suspensão apenas hoje.

O granizo afetou 3,6 mil imóveis em Campo Largo. Além disso, 120 veículos que estavam no pátio da prefeitura foram danificados. O centro administrativo da cidade também foi atingido, provocando estragos em computadores. O Centro da Juventude, que serviu como ponto de apoio para receber donativos, atendeu ontem mais de 2 mil pessoas. Cerca de 130 voluntários entregaram roupas, cobertores e lonas aos moradores.

A Defesa Civil estima em R$ 3,2 milhões os prejuízos dos moradores com o granizo. Já a prefeitura, estipula em R$ 11 milhões o gasto só com bens públicos. Danificada, a Unidade de Saúde do centro não vai funcionar hoje. Já o fornecimento de água na cidade, que foi interrompido na sexta, deve ser retomado hoje à tarde.

Doações

Para fazer doações aos atingidos pela chuva basta contatar o Corpo de Bombeiros ou a Defesa Civil nos telefones: (41) 3210-2707 ou 3292-3144. Para doar alimentos, água e roupas, o Centro da Juventude fica na Av. Ademar de Barros, esquina com XV de Novembro. Informações: (41) 3292-3487.

Colaboraram Rodrigo Batista e Gisele Barão, especial para a Gazeta do Povo

"Eu perdi tudo. Não sobrou absolutamente nada na minha casa", lamenta Ana Lúcia da Costa ao observar telhas, forro, móveis e eletrodomésticos da residência feitos em pedaços pela chuva de granizo que atingiu centenas de residências em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, no fim da tarde de sexta-feira. "Na hora da chuva, eu só tive tempo de me proteger atrás da porta. Pela fresta eu vi o telhado dos meus vizinhos caindo, assim como aconteceu na minha casa. Foi horrível", descreve a dona de casa.

Assim como ela, diversos moradores do bairro Ouro Verde, um dos mais atingidos, passaram o fim de semana debaixo de chuva tentando contabilizar os prejuízos e se recuperar do susto provocado pelo temporal. Ana Lúcia, por exemplo, mora no mesmo terreno com outras três famílias. Das quatro casas, somente uma, a da mãe dela, Emy da Costa, não perdeu todo o telhado. Com a falta de telhas na cidade, os vizinhos juntaram o pouco de lona que encontraram e ajudaram a cobrir a casa. "Por enquanto a família toda vai se reunir aqui para dormir", conta Emy.

A Rua Comendador Mariano Torres, onde mãe e filha moram, foi uma das mais afetadas. Ao longo das quatro quadras que ligam a Rodovia do Café e o Parque da Lagoa, no norte da cidade, o rastro de destruição é visível. "Nenhuma casa passou ilesa nessa área", diz o coordenador da Defesa Civil do município, Marvel Alberto Bertani, que mora nessa rua e teve a oficina mecânica atingida pelas pedras de gelo.

A situação se repetia em centenas de casas da cidade. "Já perdemos quase tudo, mas o medo continua. Se a chuva volta, vamos perder o pouco que sobrou", explica o vendedor Mario Luiz Varesi, que mobilizou amigos para cobrir a casa com uma lona doada pela igreja. "Diz que aqui e em Curitiba não existem mais telhas nas lojas. Um conhecido meu só conseguiu material em Ponta Grosa", afirma.

Prejuízo

O cenário devastador extrapola as áreas residenciais da cidade. "Até o momento eu contei quase 200 telhas quebradas e pelo menos R$ 15 mil em peças danificadas ou perdidas", afirma o dono de uma revendedora de peças de máquinas agrícolas, Gerson Manera. Segundo ele, em 50 anos morando na cidade, nunca uma chuva foi tão catastrófica. "Eram pedras de gelo muito grandes, com pelo 10 centímetros de diâmetro", relembra. No pátio de duas concessionárias ao lado da loja de Gerson, dezenas de veículos novos tiveram os vidros quebrados.

Hospital

Um dos cenários mais devastados pela chuva foi o prédio antigo do Hospital Nossa Senhora do Rocio, no centro de Campo Largo. Parte do teto cedeu e pacientes tiveram de ser transferidos às pressas. Ninguém se feriu. Ontem, todos os cerca de 400 pacientes já haviam sido mudados para a nova unidade. As pedras de gelo perfuraram o forro da UTI neonatal, que atendia 50 recém-nascidos. "Só tivemos tempo de retirar os pacientes e alguns aparelhos", conta o diretor-geral do hospital, Luiz Ernesto Wendler. A nova unidade do hospital ficará uma semana sem receber novos pacientes.

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