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Sem consenso

Pela primeira vez, quatro nomes disputam o comando da bancada evangélica no Congresso

Senador Carlos Viana e deputados Silas Câmara, Otoni de Paula Jr. e Eli Borges disputam presidência da bancada evangélica (Foto: Reprodução)

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As atividades legislativas no Congresso Nacional retornam nesta quarta-feira (1º), e os parlamentares que integram a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) já se articulam para a escolha do novo presidente da bancada, que na última legislatura foi comandada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). A eleição está agendada para a manhã de quinta-feira (2), um dia após a eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

A escolha de um novo líder da bancada evangélica ocorre a cada dois anos desde a sua fundação no Congresso em 2003, mas essa é a primeira vez que a frente parlamentar conta com quatro candidatos na disputa pelo seu comando, já que em outros momentos sempre houve consenso em torno de um único nome. Divergências sobre a relação com o governo Lula (PT) e o apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara inviabilizaram apoio massivo a qualquer um dos candidatos.

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Sóstenes não tentará a reeleição, já que deve disputar a vaga do PL na Mesa Diretora e isso o impede de presidir frentes parlamentares e comissões. À Gazeta do Povo, o deputado carioca afirmou que os parlamentares que se lançaram como candidatos para presidir a bancada evangélica até o momento são o senador Carlos Viana (PL-MG) e os deputados federais Silas Câmara (Republicanos-AM), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Eli Borges (PL-TO).

Todos os candidatos foram apoiadores de Bolsonaro

Os quatro nomes na disputa se posicionaram como aliados ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) ao longo dos últimos quatro anos. Deles, três são pastores ligados à Assembleia de Deus: Silas Câmara, Otoni de Paula e Eli Borges. Já Carlos Viana, o único dos candidatos que não é pastor, frequenta a Igreja Batista.

Um levantamento feito pelo O Globo com membros da bancada evangélica aponta os deputados Silas e Otoni como favoritos para assumir o comando. O primeiro, inclusive, já presidiu a Frente Parlamentar Evangélica em 2019 e 2020 e tem o apoio do Republicanos, que conta com 19 parlamentares evangélicos.

De acordo com a reportagem do O Globo, Silas tem um bom trânsito entre diferentes igrejas e já mediou um acordo entre Sóstenes e o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), o que teria evitado um racha na bancada no ano passado.

Por outro lado, Otoni, que nos últimos anos FOI aliado de Bolsonaro, agora busca se apresentar como o nome com melhor diálogo com o novo governo. Ele compareceu às posses de três ministros do MDB nomeados por Lula – Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento) – e chegou a fazer críticas à postura do ex-presidente por ter silenciado sobre os protestos após a eleição.

Outro candidato ao cargo, o deputado Eli Borges foi o porta-voz da bancada evangélica no último ano. Em entrevista à Gazeta do Povo no ano passado, ele disse que o seu maior desafio era impedir o avanço de pautas como linguagem neutra, ideologia de gênero, passaporte sanitário e legalização da maconha.

O último postulante à presidência da bancada, senador Carlos Viana, deve presidir ao menos a Frente Evangélica no Senado, que foi criada no final do ano passado e deve contar com cerca de 14 senadores que se declaram evangélicos, dentre eles Magno Malta (PL-ES) e Damares Alves (Republicanos-DF).

Com mais membros, bancada pode ser "pedra no sapato" de Lula

Alguns parlamentares de esquerda apostam que apesar do distanciamento ideológico, Lula conseguirá conquistar o apoio de parte da bancada evangélica. Essa possibilidade, entretanto, não é bem vista por parlamentares do PL, especialmente pelo atual presidente.

Sóstenes Cavalcante afirma que, em sua avaliação, a prioridade da frente parlamentar neste ano deve ser "a resistência aos ataques do governo de esquerda". "Já começaram com pronome neutro, sustando instruções normativas sobre aborto no Ministério da Saúde, etc. Será um ano de guerra ideológica contra o governo que neste primeiro mês já mostrou a que veio", declarou o deputado.

Na legislatura que se inicia, a nova formação da bancada é mais numerosa do que a anterior, cenário que é apontado pelo deputado como mais favorável ao bloqueio de pautas relacionadas à ideologia de gênero e à legalização do aborto e das drogas.

A estimativa da presidência da bancada até o final de dezembro era de que pelo menos 132 deputados e 14 senadores devem fazer parte da Frente Parlamentar Evangélica a partir de 2023, o que representa acréscimo de 19% na comparação com a última legislatura e um recorde histórico de membros da bancada. A lista definitiva ainda não foi finalizada e deve ser divulgada nos próximos dias.

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