A socióloga Míriam Adelman (foto), co-coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR, entende que o aborto legalizado representa o direito que toda mulher deveria ter de poder decidir o que fazer com seu corpo. "Sou totalmente favorável (à descriminação)", diz a socióloga. Segundo ela, sem esse poder de decisão, as mulheres nunca viverão em uma sociedade igualitária com os homens, pois a elas é negado um direito que deveria ser universal.

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Míriam ainda afirma que o discurso do direito à vida do embrião, defendido pelos contrários ao aborto, é "hipócrita" e serve para esconder uma ideologia machista, que nega à mulher o livre arbítrio sobre sua sexualidade. A hipocrisia, diz a socióloga, está no fato de que o discurso antiaborto se preocupa em defender a vida de um embrião – um ser humano ainda não formado, na definição de Míriam – em detrimento da defesa das mulheres e crianças, sobretudo as mais pobres, de terem uma vida digna. A essas mulheres, diz ela, resta o ônus de ter que evitar a gravidez, muitas vezes com métodos anticoncepcionais, que têm efeitos colaterais, e de ter que criar os filhos. Nesses dois aspectos, o homem costuma ser omisso.

A socióloga afirma, porém, que uma possível descriminalização do aborto teria que vir acompanhada de uma política ampla de educação sexual. Para poder ser exercida com responsabilidade, diz Míriam, é preciso que as instituições sociais eduquem os jovens para a sexualidade.

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