Cascavel A Penitenciária Federal de Catanduvas, no Oeste do Paraná, completa hoje um ano de operação. Nesse período, houve troca de direção, denúncias de torturas a preso, processos internos contra agentes penitenciários e falta de equipamentos, mas nenhuma fuga ou motim. A unidade é a primeira de um total de cinco que o governo federal pretende inaugurar até o próximo ano.
Doze meses depois, o presídio de segurança máxima tem 157 presos, ou seja, 75% de sua capacidade, que é de 208 pessoas em celas individuais. O narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi o primeiro detento a ir para o local, um mês depois da inauguração. Além de Beira-Mar, estão presos no presídio outros presos perigosos, como Marco Antônio Pereira, o "My Thor", Márcio dos Santos, o Marcinho VP, Isaías da Costa, o Isaías do Borel, Elias da Silva, o Elias Maluco, e o chileno Maurício Norambuena.
O diretor do Sistema Penitenciário Federal, Wilson Salles Damázio, diz que, com a construção da penitenciária de Catanduvas, diminuiu a tensão no sistema penitenciário nacional. Segundo ele, os presídios federais em operação (Catanduvas e Campo Grande) cumprem a função de diminuir a liderança de integrantes de facções criminosas. "A gente tira esse preso do seu hábitat justamente para cessar aquela influência dele no estado. Hoje estamos com 219 presos nas duas penitenciárias."
Damázio reconhece que o sistema ainda tem falhas. "O sistema está se consolidando. Não é um produto acabado ainda. Nós estamos nos aprimorando", afirma. Ainda neste ano o governo federal pretende inaugurar as unidades de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO). A quinta unidade será construída em Cachoeiro do Itapemirim (ES).
Sobre as denúncias no presídio de Catanduvas, contidas em um relatório interno atribuído à Polícia Federal, o diretor do sistema reconheceu que houve dificuldades no início. O diretor da unidade, Ronaldo Urbano, não agüentou a pressão dos agentes penitenciários que questionavam a sua gestão e pediu a exoneração neste mês. Em seu lugar assumiu o também delegado aposentado da Polícia Federal, Raimundo Hiroshi Kitanishi. Damázio considera a troca normal. "Em um balanço geral eu acho que foi um ano muito profícuo: zero fuga, zero rebelião, zero motim. Sistema penitenciário com quatro refeições, isso não existe no Brasil."
Na época da construção, a penitenciária dividiu a opinião da população de Catanduvas. "A penitenciária trouxe benefícios somente durante a construção da obra porque houve uma demanda maior em supermercados e habitação", diz o presidente da Associação Comercial e Industrial de Catanduvas, Juliano Vial. Ele lembra que a maioria dos 300 funcionários federais, entre agentes penitenciários e administrativos, mora em Cascavel, que fica a 50 quilômetros de Cascavel. "Catanduvas só ficou com o ônus dos parentes do presos que vieram morar aqui."
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