Mais um ingrediente para a crônica dos motivos que teriam feito desandar as tratativas do governo com os tucanos para aprovar a CPMF: Lula rejeitou a sugestão, feita por um cardeal tucano simpático ao imposto, de dar um telefonema diplomático para FHC. O ex-presidente, como se sabe, incitou parlamentares próximos a bombardearem o acordo. Quanto a Guido Mantega, o aborrecimento de Lula não se deve só ao insucesso da negociação, mas ao fato de que o ministro da Fazenda garantiu ao chefe que havia amarrado o PSDB, para ser logo depois desmentido pelos fatos. Mantega, porém, não corre risco maior, pois o desfecho mais provável da novela é a prorrogação da CPMF passar no plenário do Senado.
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Tempo real Sentados na vizinhança dos senadores da oposição, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), e Aloízio Mercadante (PT-SP) trataram de fazer a desconstrução simultânea de números contidos no relatório contra o imposto do cheque apresentado ontem na CCJ. "Não é bem assim", dizia Jucá a todo momento, entre um telefonema e outro para a Fazenda e o Planalto.
Sumidos As ausências mais notadas durante a leitura do relatório foram as de Jefferson Péres (PDT-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS). "Onde estão as vestais?", perguntou um senador em tom irônico. Os dois se declaram em dúvida sobre como votar na prorrogação da CPMF.
Esteio Argumento usado por Lula, em conversa recente, para convencer o aliado Inácio Arruda (PC do B-CE) a aceitar a relatoria da CPI das ONGs: "Eu só tenho a Ideli no Senado". A líder da bancada petista prestou novo serviço ao governo ao substituir o anti-CPMF Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) na Comissão de Constituição e Justiça.
Oportunidade Enquanto Ideli formalizava a retirada de Mozarildo da CCJ, senadores da oposição tratavam de afagá-lo em busca de mais um votinho contra o imposto do cheque no plenário. "O senhor é muito mais importante do que isso", consolava a relatora, Kátia Abreu (DEM-TO), num desagravo público.
Surpresa Sem aviso prévio, poucas horas antes da cerimônia em Zurique na qual o Brasil foi anunciado como sede da Copa de 2014, a Fifa tentou fazer com que Lula assinasse um documento, redigido em inglês, pelo qual o presidente se comprometeria a obter do Congresso mudanças na legislação supostamente necessárias à realização do Mundial no país. Não rolou.
Palmatória O diretor do centro de informações da ONU no Brasil, Giancarlo Summa, conversava informalmente com jornalistas depois do almoço entre o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, e Lula quando recebeu uma reprimenda do chanceler Celso Amorim: "A gente tem de conversar antes de você dar briefing aqui".
Consolidado O quórum foi alto nos debates entre os candidatos à presidência do PT realizados na região Nordeste durante o fim de semana. Quem acompanhou, porém, aposta: pouca gente deve mudar de lado por causa desses encontros até a eleição interna, em 2 de dezembro.
Clube restrito Os dirigentes do PT no Maranhão enfrentam dificuldades para compor a nova direção local do partido, dada a escassez de filiados: "São 16 mil petistas no meio de seis milhões de habitantes", queixa-se o deputado federal Domingos Dutra.
Nem pensar Dilma Pena nega que o governo paulista queira privatizar a Sabesp, como sugere a oposição. A secretária de Saneamento e Energia afirma que o projeto que está na Assembléia amplia a área de atuação de todas as empresas do setor, adequando o estado à nova legislação.
TIROTEIO
* Do deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) sobre Ricardo Teixeira, presidente da CBF, segundo quem o Mundial a ser realizado no Brasil prescindirá de recursos públicos:
Já foi dado o maior chute da Copa de 2014. E muito provavelmente a bola vai para fora.
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