O levantamento da Paraná Pesquisas que mostrou a felicidade quase geral dos curitibanos aponta que a maioria dos moradores da cidade se distanciou dos ritos religiosos em 2006. Entre os entrevistados, 50,3% disseram ter ido menos (27,4%) em relação a 2005 ou simplesmente não ter ido (22,9%) à igreja ou ao seu culto religioso. Os que afirmaram ter freqüentado mais somam 39,3%.
Os números, no entanto, contradizem a percepção de lideranças religiosas da cidade. O padre Reginaldo Manzotti um verdadeiro sucesso de público, cujas missas costumam ficar lotadas na paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, no Centro da cidade vê um retorno significativo dos fiéis católicos. "Nossa igreja está sempre repleta, e a audiência do nosso programa de rádio bate recordes", comemora. "As pessoas perceberam que têm de procurar algo para preencher o vazio interior. Já foram ao extremo de buscar no consumismo, na sexualidade ou na satisfação imediata, e não obtiveram resposta. Agora estão buscando uma reaproximação com o divino e com a fé, e perceberam que é possível achar a felicidade num reencontro com Deus."
O rabino Sami Goldstein também acredita que diferentemente do que mostra a pesquisa houve uma busca maior pela espiritualidade, mas ressalva que isso não depende do fato de se freqüentar ou não um templo. "Esse é um passo bem pequeno, e muitas pessoas ainda têm medo de freqüentar a sinagoga, por desconhecerem os rituais que fazem parte da sua própria herança", observa. "Mesmo assim, diante de tantos fatos negativos, como as guerras e a busca desenfreada por bens materiais, muitos têm procurado um sentido mais amplo e profundo para a própria existência. E acreditamos que 2007 será ainda mais espiritualizado para todas as religiões."
Para o presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana, Jamil Ibrahim Iskandar, o movimento na mesquita da capital aumentou em torno de 25% em relação aos anos anteriores. "Inclusive pessoas que nunca foram estão começando a ir. Aumentou também o número de mulheres", acrescenta. Mas a razão para esse crescimento, no caso dos muçulmanos, não teria tanto a ver com a espiritualidade. "Nos sentimos agredidos pela questão do Iraque, a guerra no Líbano, o preconceito dos europeus, e isso fez com que aumentasse a nossa religiosidade", avalia. "As pessoas estão querendo recuperar sua identidade étnica e pessoal pela religião." (LP)