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Ana Rosa Xavier, de 36 anos, é uma das oito recenseadoras do IBGE responsáveis pelo Censo Agropecuário e pela Contagem da População em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba. Na sua planilha eletrônica, chamada de PDA (Personal Digital Assistants), ela irá registrar os dados que vão ajudar a construir o novo perfil da cidade. De casa em casa, o trabalho de Ana vai ajudar a descobrir o que está acontecendo com a cidade que conta com 45 mil habitantes, segundo estimativas do próprio órgão. Nessa história, Ana vai ser narradora e personagem.

Há um ano ela deixou Ribeira, cidade com pouco mais de 3 mil habitantes, no lado paulista da divisa entre Paraná e São Paulo para viver em Campina Grande do Sul. O destino inicial era Curitiba, mas uma conversa com uma sobrinha, moradora de Quatro Barras, a fez ela mudar de opinião.

A sobrinha indicou Campina. Ana topou e hoje diz ter feito a escolha correta. "Queria um emprego melhor, ter chance de fazer uma faculdade. Lá eu teria de pegar muita estrada para isso. Aqui, estou do lado de Curitiba", diz. Ao longo do ano, ela arrumou a vida. O filho mais velho conseguiu emprego, o mais novo está na escola e a mãe de Ana se acostumou bem à cidade. Na internet ela soube da vaga temporária no IBGE. Fez o teste e passou. "Dá para ganhar um dinheiro bom e é um trabalho que vai me dar muita vivência. Vou falar e conhecer muitas pessoas e eu adoro o contato com o público."

As entrevistas de Ana vão ajudar a mostrar histórias de gente que, como ela, veio de outros lugares em busca de oportunidade. Também vão relatar a história de típicos moradores da cidade, como Rosalina Armstrong, de 76 anos. Nascida e criada em Campina, Rosalina recebeu a visita de Ana na última quinta-feira. Respondeu às perguntas e, a seu modo, deu uma visão do crescimento da cidade. "Na minha época, a gente aprendia tudo em casa. Cozinhar, escrever e tecer. Hoje tem internet, televisão e as crianças têm todos esses recursos."

Apesar de um certo temor com o crescimento de Campina Grande do Sul – Rosalina diz que o movimento de gente e carros no município está bem grande –, a funcionária pública aposentada mantém antigos hábitos de cidade do interior. Conversar com os vizinhos no portão de casa, ir até a igreja na praça principal e manter os filhos sempre por perto. Dois deles moram no mesmo terreno de Rosalina em casas dos fundos. Ana chegou na casa sem conhecer dona Rosalina. Saiu de lá com o questionário e uma amiga.

Meia hora depois, ela começou a entrevista em uma barraquinha típica de Campina Grande do Sul às margens da Rodovia do Caqui. É lá que se vende o caqui número 1 da cidade, segundo Márcia Berleis, de 23 anos. Ela, a mãe e o pai vivem da plantação e da venda da fruta e dos seus derivados. Na venda da família, tem doce, conserva e vinho de caqui. Mas tem também maçã, doce-de-leite e pepino. "O forte é o caqui, que sai demais. Na hora do almoço fica mais fraco, mas de tarde é muito movimento. Fica cheio de carro estacionado. Não damos conta de atender todo mundo", diz Dirce Berleis, 50 anos.

Ana anota tudo com o computador de mão. Terá de gerar dois questionários. Um da Contagem e outro do Censo Agropecuário.

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