O motorista do ônibus que se acidentou em Joinville, Santa Catarina, no último dia 14 de março, matando 51 pessoas, havia ingerido álcool e estava exausto por ter passado uma noite sem dormir antes do acidente. Essas são as conclusões do inquérito aberto pela Polícia Civil do estado vizinho para apurar as causas da queda do veículo em uma ribanceira. Elas foram reveladas na manhã desta quinta-feira (14) em entrevista concedida pelo delegado Brasil Guarani Mendonça Ferreira dos Santos.
“Os laudos comprovaram que ele [Cergio da Costa] havia consumido bebida alcoólica e houve exaustão física”, disse o delegado. Os exames realizados no corpo do condutor, que morreu no acidente, revelaram que ele tinha 1,49 decigramas de álcool por litro de sangue.
Mas a ingestão da bebida alcoólica não foi a única causa da tragédia. De acordo com Santos, o motorista foi pressionado para prosseguir a viagem quando o ônibus que havia saído de União da Vitória, no Sul do Paraná, apresentou problemas. “Ele passou uma noite em claro tentando consertar o veículo. Disse que queria voltar, mas os passageiros insistiram para prosseguir a viagem. Ele cedeu e chamou um ônibus com capacidade maior de São Mateus do Sul (PR)”.
Além do ônibus quebrado, havia uma van fazendo a excursão. Como o novo veículo tinha capacidade maior do que o anterior, os passageiros então teriam decidido prosseguir a viagem apenas no novo ônibus – que mesmo comportando mais passageiros ficou superlotado. O modelo suportava 51 pessoas, mas transportava 59 – seis eram crianças.
O delegado descreveu o acidente como um “voo sem freio”. De acordo com informações da perícia, o ônibus desceu a penúltima curva da Serra Dona Francisca três vezes mais rápido do que o permitido para o local (90 km/h). Na queda, ainda teria ganhado mais 30 km/h de velocidade, aterrissando a 120 km/h. O limite era de 30.
A investigação também apontou que não havia marcas de pneu no asfalto. Mas o delegado descartou que o motorista tenha dormido ao volante. “Essa hipótese eu descarto porque um sobrevivente contou que ele próprio havia falado com o motorista sobre a velocidade excessiva empregada na região.”
Outra constatação da perícia deu conta de que, apesar de antigo, o ônibus não tinha problemas mecânicos, mas houve um superaquecimento dos freios. O motorista, de acordo com o delegado, deveria ter usado o freio motor e a marcha engrenada no local do acidente – o que não ocorreu, segundo os laudos periciais.
Consequências
Pelo entendimento do delegado Brasil Guarani Santos, a culpa de Cergio Costa se extinguiu com sua morte. Ele entende que agora o judiciário e o Ministério do Público deverão decidir sobre um eventual arquivamento do processo. No dia do acidente, o veículo da empresa Costa & Mar – de propriedade de Cergio da Costa – havia saído de União da Vitória, no Sul do Paraná, para levar religiosos a um encontro no litoral catarinense.
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