O relatório feito pelo Departamento de Engenharia do Tribunal de Justiça, a que a Gazeta do Povo teve acesso, mostra que milhões de reais foram gastos em equipamentos que nunca foram usados no Anexo do Palácio da Justiça. A investigação, feita por peritos e levada ao conhecimento da cúpula do tribunal, revela que apenas em equipamentos elétricos há cerca de R$ 2 milhões de gastos injustificados. São fios e disjuntores que foram pagos pelo TJ à Cesbe mas que não foram encontrados pelos engenheiros no prédio.
Uma análise detalhada do material elétrico foi realizada pelo engenheiro Antônio José da Cunha Melo. Indo de andar em andar e abrindo os quadros de energia, ele constatou que faltariam R$ 1,4 milhão em cabos. A Cesbe cobrou R$ 2,1 milhões pela instalação dos fios. Segundo o cálculo do engenheiro, se fosse restituir a diferença em valores atualizados, a empresa deveria devolver R$ 1,7 milhão. Isso à época do levantamento feito por Cunha Melo, em 2005.
A mesma coisa acontece em relação aos disjuntores do prédio. Foram pagos à Cesbe R$ 230 mil pelo material. No entanto, a análise de Cunha Melo afirma que R$ 146 mil não podiam ser encontrados no prédio mesmo um ano depois de sua conclusão.
Trocas de materiais previstos no edital também teriam trazido prejuízos para o tribunal. É o caso de um gerador de 1.600 KVA que deveria ter sido instalado no prédio. O equipamento foi orçado pela Cesbe em R$ 969 mil. No entanto, ao invés de instalar o equipamento previsto, foram usados dois geradores de 405 KVA. De acordo com o relatório do TJ, a Cesbe deveria devolver ao TJ R$ 337 mil em função da troca.
Os no-breaks também tiveram o mesmo problema. Estava previsto um equipamento de 500 KVA. Foram usados dois no-breaks de 200 KVA. Por ter feito essa troca, a empresa deveria ao tribunal, de acordo com as contas do Departamento de Engenharia, mais R$ 77 mil.