O exame preliminar nos corpos de 16 das 228 vítimas do voo 447 da Air France (Rio-Paris) reforça a hipótese de que ao menos parte do Airbus A330 se desintegrou antes de cair no Oceano Atlântico. A maioria dos cadáveres já analisados pelos legistas em Fernando de Noronha chegou despida ou apenas com roupas mínimas, sinal de que as vestes podem ter sido arrancadas pela ação do vento. Resta ainda fazer um mapeamento dos assentos em que se encontravam essas vítimas, o que pode indicar a forma como a estrutura se partiu.
A perícia inicial permite ainda afastar, pelo menos por enquanto a possibilidade de fogo ou explosão na aeronave, uma vez que não foram detectadas queimaduras em nenhum dos corpos. O resultado das necropsias deve ajudar o Escritório de Investigações e Análises para a Aviação Civil da França (BEA) a traçar a provável dinâmica do acidente, sobretudo se as caixas-pretas não forem encontradas.
Embora os corpos tenham sido resgatados relativamente íntegros, quase todos apresentavam múltiplas fraturas - nos membros superiores, inferiores e na região do quadril. Os exames que servirão para atestar a "causa mortis" começaram a ser feitos na manhã de ontem pelo Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. Mas, diante das evidências, tudo indica que tenha ocorrido politraumatismo ocasionado pelo choque com a água em alta velocidade. A possibilidade de afogamento, o que indicaria uma morte posterior à queda do avião, não havia sido verificada até a tarde de ontem. Nos cadáveres, não havia água nos pulmões - o que caracterizaria o afogamento.
Além do estado geral dos cadáveres, a tese de desintegração da aeronave é confirmada por outros dados do acidente. De acordo com mapas produzidos pela Força Aérea Brasileira (FAB), as equipes de resgate encontraram duas linhas de corpos, distantes 85 quilômetros uma da outra, próximas do ponto virtual de navegação aérea chamado de Tasil. Se o avião tivesse chegado inteiro ao mar, dizem investigadores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, os corpos deveriam estar próximos, mesmo depois de mais de dez dias à deriva. Até agora, a única peça grande retirada do mar foi o estabilizador vertical, onde está fixado o leme, um dos apêndices direcionais do avião. O restante do material recolhido estava disperso em um "mar de destroços", como afirmou nesta semana a Marinha. A aeronave da Air France desapareceu no Oceano Atlântico, no dia 31 de maio, com 228 pessoas a bordo durante o trajeto Rio de Janeiro-Paris.
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