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Morador de Pinhais anda de bicicleta sobre os trilhos: risco diário para a população levou vereadores a pedir aumento de sinalização do local | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Morador de Pinhais anda de bicicleta sobre os trilhos: risco diário para a população levou vereadores a pedir aumento de sinalização do local| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

"Eu achava que estava morta"

A auxiliar de produção Aline Schneider, 21 anos, esperava apenas voltar para a casa de forma tranquila depois de mais um dia de trabalho na última quarta-feira. Em questão de segundos, ela foi arremessada do banco de um ônibus da linha Privê, em Pinhais, chocou-se contra a porta e foi arrastada por cerca de 80 metros. "Todo mundo escutou o trem vindo, apitando bastante", afirma, sobre o momento anterior ao acidente, dizendo que logo em seguida o motorista do ônibus acelerou. Aline fraturou a perna, teve vários cortes e machucados no corpo, mas não corre risco de morte. Teve alta e já está em casa. Por telefone, ela conversou com a reportagem da Gazeta do Povo sobre o acidente.

Leia a entrevista

Pressionados por moradores das Vilas Amélia e Maria Antonieta, que no fim da tarde de ontem queimaram pneus e fecharam por alguns minutos a Rodovia João Leopoldo Jacomel (PR-415), os vereadores de Pinhais irão pedir a instalação de cancelas, de sinalização luminosa e sonora no cruzamento da rodovia com a linha férrea que liga Curitiba a Paranaguá.

Na quarta-feira, um trem da ALL (América Latina Logística) chocou-se com um ônibus da linha Privê, da Expresso Azul, por volta das 18h30. A professora Lislei de Almeida Ribeiro morreu na hora. O motorista Mário Alves Martins teve a perna esquerda amputada e permanece em estado grave no Hospital Cajuru. Duas outras pessoas ficaram feridas (leia matéria ao lado).

O cruzamento já dispõe da sinalização mínima exigida pelo Código Brasileiro de Transito: a cruz de Santo André (com os dizeres "Pare, olhe, escute") e tachões redutores de velocidade. Para moradores e lideranças comunitárias, é pouco. "A sinalização aqui é muito complicada. Tem muito carro, ônibus e pedestre. E além disso tem o trem", diz o funcionário público Paulo de Souza, que mora na Vila Amélia e trabalho no centro de Pinhais. "Faço o percurso de bicicleta e sei do perigo."

O comerciante Edelmir Vivarte, que mora na Vila Maria Antonieta, diz que os acidentes no trecho são comuns. "Há coisa de duas semanas teve um, bem parecido. O ônibus morreu na linha, mas todo mundo conseguiu descer. Ninguém se feriu."

Para ele, seria necessária uma melhora na iluminação e na sinalização do local. "De noite é muito escuro e o trânsito aqui é caótico. O Contorno Leste aumentou muito o tráfego. Não dá para ter a mesma sinalização que tinha há 10, 20 anos e achar que está tudo bem", afirma.

As reclamações chegaram à Câmara Municipal. Os vereadores estão assinando ofícios que serão encaminhados para a ALL e para o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). "Queremos intensificar essa sinalização. Em Curitiba, os trechos onde existe cruzamento com a linha férrea têm sinal sonoro. Por que aqui não teria?", questiona o vereador Silvio Star (PPS), também morador da Vila Maria Antonieta.

Por enquanto, porém, ninguém pensa em arcar com a nova sinalização. O Código de Trânsito Brasileiro determina que a sinalização cabe à autoridade responsável pela via que cruza a linha férrea. Desse modo, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Pinhais, cabe ao DER promover a mudanças no local.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do DER afirmou que mantém a sinalização exigida pela legislação, mas que a instalação de cancelas e equipamentos sonoros ou luminosos dependeria de órgão federal, já que a utilização da linha é uma concessão da União.

Para Ivana Spir, gerente de relações corporativas da ALL, a instalação da sinalização ativa não torna, necessariamente, a via mais segura. Segundo ela, o uso de cancelas, sinais sonoros ou luminosos pode induzir ao erro. "Já vimos em Curitiba que as cancelas são furtadas porque tem valor comercial. E o equipamento está sujeito a risco. O motorista, se não vir a cancela ou ouvir o sinal, pode avançar achando que o trem não está vindo. O mais seguro ainda é seguir o pare, olhe, escute da sinalização passiva."

O problema pode ganhar uma resolução definitiva no ano que vem.

Se aprovado, o Plano Diretor Multimodal de Curitiba tiraria o trilho das áreas centrais da cidade. O projeto ainda está sendo analisado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

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Interatividade

A volta das cancelas diminuiria o risco de acidentes com os trens?

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