A primeira testemunha a ser ouvida no segundo julgamento sobre o massacre do Carandiru, onde morreram 111 presos após uma rebelião na penitenciária, em 1992, foi o perito da Polícia Técnica Científica, Osvaldo Negrini Neto, que trabalhou no caso. Questionado pela acusação, Negrini confirmou que os buracos de tiros eram vistos de dentro das celas do Carandiru e não nos corredores.
"Não havia disparos no sentido contrário da marcha dos policiais. Só alguns poucos no corredor. A maioria dos disparos estava dentro das celas". A afirmação do perito desmente, segundo a promotoria, a versão dos réus, que afirmaram que os confrontos com os detentos aconteceram nos corredores do 2.º andar do complexo penitenciário.
Negrini relatou que a falta de higiene e de luz prejudicou o trabalho da perícia. Segundo a testemunha, havia entre os técnicos da vistoria o medo de contágio da AIDS, doença pouco conhecida na época. Um dos sobreviventes do massacre, que também depôs, afirmou que os policiais envolvidos na ação atiraram contra os detentos. "Fomos brutalmente espancados. Havia corpos amontoados. Eles nos espetavam com facas e os que caíam eram baleados", contou o sobrevivente Antônio Carlos Dias em um vídeo apresentado aos jurados.
Ontem, primeiro dia do julgamento, foi a vez das testemunhas de acusação. A previsão é de que as testemunhas de defesa comecem a ser ouvidas hoje.
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