Os policiais militares do Paraná, atendidos no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Curitiba, reclamam da precariedade do centro médico. A unidade, que passou a fazer consultas em outubro do ano passado também para os demais funcionários públicos, estaria sem condições de atender tantas pessoas. Uma pesquisa feita pela Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai), entre os dias 19 e 26 de março deste ano com mil policiais e bombeiros, mostra que 87% dos ouvidos consideram que o atendimento piorou desde o mês de outubro. Funcionários públicos civis, que são os novos pacientes, também estão descontentes.
Em outubro, cerca de 120 mil servidores públicos do Paraná, que dependem de convênios do Sistema de Assistência à Saúde (SAS), passaram a ser atendidos no HPM junto com outros 40 mil policiais e bombeiros da região. O hospital, que passava por crise na administração e com a falta de médicos, começou a ter investimentos do Estado para receber os novos usuários. Os problemas, entretanto, só aumentaram, segundo os entrevistados.
A pesquisa mostra que 47% dos militares consideram péssima a evolução dos serviços prestados no centro médico desde o início do convênio. Apenas 1% acreditam que a condição é ótima. Quanto ao agendamento da consulta, por um canal 0800, a principal insatisfação ocorre por causa da demora para ser atendido: uma parte (31%) disse ter dificuldade para agendar a consulta e outros 33% não conseguiram finalizar a ligação. Além disso, 94% dos militares são contra a continuidade do convênio.
Descontentamento
O subtenente da Polícia Militar Edson Bindi já tentou consultas para ele e para o filho que faz tratamento especializado. A demora, porém, o fez buscar clínicas particulares. "No hospital eles não marcam consultas, dizem que isso é apenas pelo telefone. Mas o número não funciona, sempre está indisponível." O militar também reclama da quantidade limitada de consultas para cada médico, o que piora a situação.
Do lado dos servidores civis as reclamações são as mesmas. Vanessa Cardeal Oganauskas Roseno, que usa o HPM por ser dependente do marido que é funcionário público, reclama da demora na marcação e realização de exames. Diz ainda que faltam equipamentos no pronto-socorro. "Nem tem como avaliar o trabalho deles, porque eles também são vítimas disso tudo", aponta.
O coronel Eliseu Ferraz Furkin, presidente da Amai, afirmou que a crise do hospital é antiga. O corte do repasse de verba ao antigo Instituto de Previdência do Estado, na época do governo de Jaime Lerner (1995-2002), prejudicou também o atendimento no HPM. O problema se arrastou durante a gestão dos outros governadores. "Antes tínhamos uma situação precária para os militares. Agora temos as mesmas dificuldades para 120 mil funcionários públicos."
Furkin disse que a pesquisa deve servir como parâmetro para que o convênio seja repensado ou denunciado. O convênio termina no final desse mês.