Uma pesquisa inédita feita por um especialista paranaense mostra que a radiação resultante de exames de raio X nas regiões do crânio, face e pescoço não causa dano algum para o organismo de crianças e adolescentes. De acordo com o odontopediatra Gerson Köhler, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pelo estudo, o problema só é real se um paciente ultrapassar um número máximo de exames por ano: 33. "Isto é impossível de ocorrer na prática. Por isso, não existe risco da geração de qualquer problema para a criança ou o adolescente", afirma.
A pesquisa é resultado de uma parceria entre a UFPR, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) do Paraná. Com o estudo, Köhler acaba de receber o título de mestre em Engenharia Biomédica pelo Cefet. O levantamento ainda não é conclusivo e integra uma série de pesquisas que estão sendo realizadas.
Polêmica
A cumulatividade do raio X (conhecida também como efeito estocástico) no corpo humano é uma questão polêmica entre a comunidade científica e a população. Em cada sessão de exame, a dose de radiação irradiada é acumulada no organismo de uma pessoa durante toda a vida. A dúvida que baseou o trabalho era justamente se este acúmulo poderia causar danos à saúde de jovens que ainda estão em crescimento dúvida que sempre era levantada por pais cujos filhos seriam submetidos ao exame.
Durante dois anos, foi medida a dosagem de radiação em pacientes de Curitiba que se submeteram a exames radiológicos rotineiros de crânio, face e pescoço partes que estão entre as mais sensíveis do corpo humano quando expostas à radiação. A medição era feita a partir de um dosímetro (microdispositivo colocado na pele do rosto da pessoa) durante a aplicação do raio X. A conclusão do estudo é que a dose só causaria danos aos pacientes se eles fossem submetidos a mais de 33 exames deste tipo por ano.
De acordo com Köhler, as regiões do crânio, face e pescoço abrigam três áreas que são consideradas críticas se submetidas à radiação intensa. São elas a área do cristalino dos olhos, a das glândulas tireóide e a das parótidas ou salivares. Mas com a divulgação da pesquisa, os médicos já podem ficar mais tranqüilos.
O pesquisador cita que, de acordo com dados da Universidade de São Paulo (USP), os exames de raio X na região da cabeça aparecem como a segunda maior freqüência no Brasil entre os solicitados para detectar problemas faciais. Entre eles, o diagnóstico de desvios de crescimento facial e obstruções respiratórias na parte superior do nariz.
O raio X foi descoberto, por acaso, em 1895 pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen. A descoberta é considerada um marco da medicina e pode ser comparada com o surgimento dos antibióticos e os tratamentos a partir de células-tronco.
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