Instrumento utilizado para justificar a redução no subsídio do estado para o transporte coletivo metropolitano de Curitiba, a pesquisa origem-destino realizada pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) a pedido da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) também apontou a necessidade de criação de novas linhas integradas que não passem por Curitiba. O governo do estado afirmou já ter em andamento estudos para atender essa demanda.
A pesquisa ouviu 128.655 passageiros de todas as linhas – integradas e não integradas – dos 14 municípios da Rede Integrada de Transportes (RIT) – uma amostragem de aproximadamente 10% do total diário de passageiros do sistema. Realizado entre março e outubro de 2014, o levantamento teve seu resultado divulgado resumidamente um mês depois. Nesta quarta-feira (17), a Comec publicou a íntegra da pesquisa em seu site.
Para reduzir o subsídio, o governo argumentou que o porcentual de passageiros metropolitanos estimado pela Urbs (21,7%) era menor do que o apontado pela pesquisa (31,2%). Quanto mais passageiros, menor o custo do transporte coletivo.
Segundo o levantamento, 7,59% das viagens metropolitanas não envolvem Curitiba. Descontados os passageiros não integrados, esse porcentual cai para 5,45%. São 87 mil passageiros por dia. E um público que tende a aumentar, uma vez que há passageiros que não estão nessa lista, por cruzar a região metropolitana por dentro da capital desnecessariamente – apenas para se valer da estrutura da Rede Integrada de Transportes.
“O nosso projeto é ter um grande anel metropolitano, como hoje já temos de Almirante Tamandaré para Roça Grande. De lá para Colombo e dali até o terminal de Pinhais. Mas, para isso ainda precisamos concluir obras estruturais”, disse Euclides Rovani, diretor técnico da Comec.
Como exemplo da estrutura que ainda precisa ser criada, Rovani cita a falta de pavimentação em um trecho da ligação de São José dos Pinhais com Fazenda Rio Grande e a necessidade de construir um viaduto na BR-116 ligando esses municípios a Araucária. “Estamos em busca de orçamento para isso”, resumiu. Mas antes mesmo de ter essa estrutura, já há outras linhas em estudo que já podem sair do papel. Uma delas, de acordo com o técnico da Comec, ligaria Campo Largo, Campo Magro e Almirante Tamandaré.
Corredor adiado
A ideia de criar um anel metropolitano diminuindo os deslocamentos dentro da capital não é nova, mas até então ela não contava com dados que a balizassem. O governo do estado havia chegado a incluir o projeto do corredor metropolitano nas intervenções viárias para a Copa do Mundo, mas acabou abandonando a ideia porque o orçamento da obra foi subestimado. Inicialmente, previa-se um custo de R$ 130 milhões para o corredor de 79 quilômetros, ligando sete municípios da RMC. Esse custo acabou saltando para R$ 700 milhões, mas o governo federal não autorizou a revisão no orçamento.