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Saúde

Pesquisa mostra que doença de tireoide está mal controlada no Brasil

Pelo menos 46% dos pacientes brasileiros que sofrem de hipotireoidismo - a baixa produção de hormônios pela glândula tireoide - estão recebendo tratamento inadequado, sendo que, desse total, 28% estão insuficientemente tratados e 18,6% recebem o tratamento em excesso, segundo dados preliminares de estudo inédito que está sendo realizado pela UFRJ, Unicamp, UFPR e Universidade Federal do Ceará. E 88,4% são mulheres, segundo um dos coordenadores da pesquisa, o endocrinologista Mario Vaisman. Esses dados foram apresentados no Congresso da Sociedade Americana de Tireoide, em Lima, Peru.

Estima-se que 10% da população brasileira sofrem de hipotireoidismo. No levantamento, foram analisados 1.231 pacientes - a meta é chegar a 2.500 - com idade média de 53 anos, acompanhados em centros de referência dos hospitais das quatro universidades. O estudo foi baseado na aplicação de um questionário com os dados clínicos e bioquímicos, informações socioeconômicas e nas orientações recebidas por cada paciente. E os médicos mediram o nível de hormônio TSH.

"Apesar de orientados a tomar a medicação para controle do hipotireoidismo num intervalo maior do que 30 minutos antes do café da manhã, apenas 85,4% dos pacientes seguiam à risca essa recomendação", diz Vaisman. "E as consequências do tratamento inadequado são a falta de hormônio tireoidiano. É preciso insistir na orientação correta; os médicos precisam dar mais atenção a este problema e monitorar frequentemente seus pacientes em tratamento de reposição de hormônio tireoidiano".

Ainda de acordo com o levantamento, apenas 52,1% dos pacientes sabiam que não deveriam tomar o hormônio da tireoide juntamente com outros remédios, o que pode prejudicar o tratamento.

"A literatura em diferentes continentes mostra que apenas 50% dos pacientes que precisam de reposição do hormônio da tireoide apresentam o hormônio TSH em níveis normais. Antes não havia estudo no Brasil com esta abrangência - comenta Vaisman, acrescentando que os resultados com pacientes brasileiros são semelhantes aos publicados nos Estados Unidos, na Europa e no Oriente.

A tireoide é uma glândula que fica logo abaixo do pomo-de-adão ou gogó, e seu formato lembra uma borboleta. Ela produz dois hormônios essenciais para vários órgãos: o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina). Esses hormônios atuam diretamente em funções como crescimento, controle de peso, ciclo menstrual, fertilidade, sono, raciocínio, memória, temperatura corporal, batimentos cardíacos, eliminação de líquidos, intestinos e força muscular.

No hipotireoidismo a glândula produz muito pouca quantidade de hormônio. Para detectar hiper ou hipotireoidismo são realizadas dosagens hormonais (TSH, T4 e/ou T3) em coleta de sangue. Os principais sintomas são cansaço, fraqueza, cãibras, maior sensibilidade ao frio, lentidão, pele seca, dor de cabeça, sangramento menstrual excessivo, prisão de ventre, unhas fracas, cabelos finos e ralos.

Com a evolução da doença, a pessoa apresenta ganho de peso, prisão de ventre, redução da sensibilidade a odores e ao tato, queimação gástrica, dores musculares, falta de ar e angina.

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