Apesar da realidade violenta do país, a arquitetura como instrumento de prevenção de crimes ainda é pouco difundida no Brasil. Talvez por isso, a pesquisa do tenente-coronel Roberson Luiz Bondaruk já é referência antes mesmo de ser concluída. "A arquitetura contra o crime se insere no conceito de polícia comunitária, em que toda a sociedade deve estar inserida nesse contexto, pois não há como haver uma viatura para cada imóvel", argumenta o oficial.
Os ministérios das Cidades e dos Esportes solicitaram formalmente o estudo para utilizá-lo em futuros projetos (no caso do Esportes, para a avaliação da reforma e construção de estádios para a Copa de 2014, da qual o Brasil é candidato à sede). O levantamento também servirá para a execução de cartilhas instrutivas e está sendo dissiminado entre profissionais da construção civil com o apoio de entidades da classe. Além disso, um núcleo de pesquisa sobre o tema, envolvendo acadêmicos de Engenharia Civil e Arquitetura, está sendo montado na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O núcleo será coordenado pelo engenheiro civil Mauro Lacerda, diretor do Departamento de Tecnologia da UFPR. Para Lacerda, há realmente no país falhas no uso da tecnologia construtiva contra a criminalidade. "As pessoas pensam que basta instalar equipamentos de segurança no imóvel ou exigem soluções políticas", afirma.
O professor da UFPR ressalta ainda a importância de se prever todos esses detalhes ainda no projeto da obra. Se assim for feito, o investimento na arquitetura contra o crime praticamente se paga. "Em média, cada reforma equivale a 125 vezes o valor do elemento modificado se ele fosse previsto inicialmente no projeto", equipara. (MXV)