Nos últimos anos, a violência bateu à porta da Universidade Federal Rural, em Seropédica, município na Baixada Fluminense a cerca de 50 quilômetros do Rio e com pouco mais de 75 mil habitantes. Registros de roubos de carros, furtos e estupros se tornaram comuns. Casos semelhantes também tiveram como vítimas estudantes e funcionários das universidades federais Fluminense (UFF) e do Rio de Janeiro (UFRJ). Uma rotina tensa que se intensificou a partir do aumento no número de cursos e estudantes nas instituições com a implantação, em 2007, do Programa de Reestruturação das Universidades Federais (Reuni) do governo federal.
Para tentar entender o que está ocorrendo nas áreas onde estão instaladas universidades federais do estado, pesquisadores do Instituto de Estudos Comparados de Administração Institucional de Conflitos (Ineac) da UFF apresentaram um projeto inédito, que acaba de ser aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj): um diagnóstico da violência dentro e fora dos campi, identificando os pontos mais perigosos. O objetivo final é montar um plano de segurança que abrangerá não só as instalações universitárias, mas locais de grande circulação da população acadêmica.
Expansão
O professor Roberto Kant de Lima, que coordenará a pesquisa, lembra que unidades da UFF estão localizadas em diversos pontos do estado. A sede fica em Niterói.
“A UFF corresponde a uma população de 60.180 pessoas, entre docentes, servidores técnico-administrativos e discentes. Em Niterói, a universidade e seus campi confundem-se com a geografia da cidade, já que estes se situam em bairros importantes e estão incorporados à rotina dos moradores”, afirmou o pesquisador.
O professor Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, vice-reitor da UFF, lembrou que a população universitária mais que dobrou desde 2007. ‘Passamos de 15 mil alunos para 42 mil em Niterói. Aumentou tudo: o número de prédios, os custos e a necessidade de investimentos. É difícil saber se esse crescimento da UFF provocou um aumento da violência na cidade. Por isso, o diagnóstico é extremamente importante”, diz.
Na UFRJ, a expansão também foi intensa: em 2007, eram 31 mil alunos; hoje, são 46 mil. Segundo a reitoria, este ano, apenas três casos de roubos a transeuntes foram registrados, contra dez no mesmo período de 2014. A redução nesse tipo de crime é atribuída às medidas de segurança adotadas no campus. A cidade universitária é quase toda monitorada por câmeras de segurança.
A Universidade Rural também cresceu: em 2005, contava com sete mil alunos e 22 cursos de graduação. Atualmente, são 55 cursos e cerca de 12.500 estudantes de graduação, além de funcionários e professores. Desde o ano passado, alunos reivindicam mais policiamento. Com o aumento do número de casos de estupros, a comunidade acadêmica criou o Comitê de Autodefesa das Mulheres da Rural.
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