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Para o pesquisador e sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Lindomar Bonetti, a existência de "guetos" na cidade não é nenhuma surpresa. Embora seja óbvio que Curitiba não esteja na mesma situação trágica do Rio de Janeiro ou de outras cidades maiores, Bonetti já pesquisou áreas de vulnerabilidade social em que o tráfico manda mais.

Na opinião do pesquisador, o Estado perdeu o espaço no momento que não se fez presente nas periferias urbanas. "Quando o Estado chega com um programa aqui e outro lá, já tem outros no lugar", afirma. A ausência do poder público legitima o poder do tráfico, segundo ele.

Nas suas pesquisas de campo, o especialista em violência urbana percebe a fragilidade desses pontos. Tanto faz morrer ou matar para quem está atrelado ao tráfico de drogas.

Doutor em sociologia e coordenador da ONG Observatório de Favelas, no Rio de Janeiro, Jaílson de Souza esclarece que o problema das áreas em que o Estado tem dificuldade de entrar é típico de grandes cidades e demonstra uma incapacidade histórica de administração do Estado. Capitais como Florianópolis, Porto Alegre, Belém e Porto Velho são alguns dos exemplos citados de cidades onde há o domínio de grupos que dificultam o acesso de quaisquer pessoas que não sejam da comunidade.

Para ele, enquanto não houver a revisão da impunidade policial, uma corregedoria forte e uma superação da cultura de uma polícia violenta, a situação tende a se manter como está. Desde a década de 80, segundo Souza, o número de mortes no Brasil triplicou, aumentou a corrupção policial e cresceu a sensação de insegurança da população, além de ter se tornado mais comum o uso de armas pesadas. A con­­­sequência foi o aumento da violência policial em resposta, sem nenhum resultado positivo. "A droga continua sendo vendida, mesmo com os efeitos perversos." (AP)

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