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Rosimara Zittel e Cinthia Domingues mostram etapas do processo. | Josue Teixeira/Gazeta do Povo
Rosimara Zittel e Cinthia Domingues mostram etapas do processo.| Foto: Josue Teixeira/Gazeta do Povo

O grupo de pesquisa em Química Analítica Ambiental e Sanitária (QAAS) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) está transformando cigarros contrabandeados em adubo. O resultado de quatro anos de estudo foi divulgado em março pela instituição. Produzindo um tipo de adubo apropriado principalmente para áreas de reflorestamento, os pesquisadores encontraram uma destinação adequada para o material apreendido na delegacia da Receita Federal na cidade.

A produção do adubo acontece por meio da compostagem. O tabaco é misturado com serragem e lodo industrial em recipientes - os reatores - que fazem o processo de degradação da matéria orgânica. São realizadas análises físico-químicas regularmente, e em 90 dias o composto já está ausente de toxicidade e pode ser utilizado. Cada reator recebe cerca de 200 quilos dessa mistura e gera, ao final do processo, aproximadamente 180 quilos de adubo.

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Oito alunos do QAAS colaboram na pesquisa, que é inédita. A estudante do doutorado em Química da UEPG Rosimara Zittel deve analisar ainda o desenvolvimento de hortaliças sob o uso do adubo orgânico produzido no laboratório. Com o primeiro resultado apresentado, o grupo precisa de financiamento para dar continuidade aos estudos. “Queremos sair da escala laboratorial para montar um centro de referência em tratamento de cigarro contrabandeado”, explica o professor Sandro Xavier de Campos, que coordenou a pesquisa.“Há também uma perspectiva de transformar o produto em geração de renda para catadores de material reciclável”, diz.

Em 2012, a delegacia da Receita Federal em Ponta Grossa procurou a universidade buscando uma destinação mais apropriada para os cigarros apreendidos. A regional atende 59 municípios e recebe 5 milhões de carteiras de cigarro contrabandeado do Paraguai por ano. Atualmente, o material é incinerado com filtros que reduzem a poluição causada pela técnica, mas essa ainda não é a forma ideal de descarte. “O projeto da UEPG é algo positivo porque ao mesmo tempo em que retira de circulação esse cigarro que é muito mais nocivo à saúde, não causa impacto no meio ambiente”, diz o delegado da Receita Federal em Ponta Grossa, Gustavo Horn.

Primeira fase

A etapa inicial do trabalho dos pesquisadores, concluída em 2013, identificou substâncias presentes nos cigarros contrabandeados - foram encontrados insetos, areia, terra, pelos, plástico e fungos. Depois, o grupo passou a buscar formas de neutralizar essas substâncias tóxicas e reaproveitar o tabaco.

A estudante do doutorado em Química da UEPG Cinthia Domingues dá continuidade à análise dos compostos encontrados nesse tipo de cigarro. Segundo ela, outros estudos já mostraram uma concentração de metais nocivos nos cigarros contrabandeados onze vezes maior do que no material comercializado legalmente, o que é prejudicial à saúde. “Um deles é o chumbo, que pode influenciar em problemas respiratórios, por exemplo”, explica.

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