Apesar de toda a evolução que as técnicas de reprodução assistida sofreram nos últimos 25 anos, os profissionais da área ainda trabalham no aperfeiçoamento das técnicas para conseguir uma gestação bem-sucedida, implantando o mínimo possível de embriões no útero da mãe. "Conseguir o aumento da taxa de gravidez com o mínimo risco de gravidez múltipla é o grande desafio da reprodução assistida atualmente", afirma o especialista espanhol Manuel Fernández, diretor do Instituto Valenciano de Infertilidad (localizado na cidade espanhola de Sevilha). Ele esteve no Brasil em setembro, participando do Serono Symposia Internacional, evento que reuniu especialistas de vários países em Belo Horizonte.
Segundo Selmo Geber, responsável pelo departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Brasil vem avançando nas pesquisas de novas técnicas, principalmente depois da aprovação da Lei de Biossegurança, que permite a doação de embriões congelados para estudo após três anos de armazenamento. Pela lei, no Brasil, o máximo de embriões que se pode transferir para o útero são quatro um número bastante elevado, segundo o ginecologista, levando em conta que, em alguns países da Europa, já se consegue obter bons resultados com a transferência de um único embrião.
"Transferimos mais de um embrião ou estimulamos a ovulação para aumentar a probabilidade de gestação, mas em contrapartida há a chance de implantação de mais de um embrião, com gêmeos ou trigêmeos. No Brasil, a taxa de gravidez dupla é de 20%, com 3% de tripla", afirma. A grande dificuldade é descobrir porque alguns embriões se implantam quando transferidos e outros não.
A gravidez múltipla representa risco porque o corpo da mulher está preparado para apenas um bebê por gestação. Quando há gêmeos, a possibilidade de complicação cresce: a mãe pode ter problemas de hipertensão, diabete, útero aumentado e desconfortos em geral, e os bebês correm o risco de nascer prematuramente, ficando muito tempo em incubadoras, com chances de ter algum tipo de seqüela.
Para Geber, as pesquisas pretendem dar soluções para mulheres que queiram retardar a maternidade ou garantir a possibilidade de ser mãe após tratamentos de quimioterapia e radioterapia. "Técnicas que permitem o congelamento de óvulos e de tecido ovariano poderão proporcionar a gravidez futura", afirma Geber. O congelamento de óvulos, ainda experimental, permitiria às mulheres preservar sua capacidade reprodutiva. "O problema é que o óvulo, depois de congelado, raramente mantém sua capacidade de produzir um embrião. Nesse sentido, o congelamento de tecido ovariano seria mais promissor por ser rico em folículos, que têm potencial de se transformar em óvulos. Dessa maneira, uma mulher que aos 25 anos não deseja ter filhos pode conservar esse tecido com óvulos saudáveis e utilizá-lo quando tiver 40 anos", exemplifica. Geber explica que, além disso, com a recolocação desse tecido ovariano, a mulher voltaria a produzir hormônios, o que também faria a técnica servir para tratamento de reposição hormonal.
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