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São Paulo – Hoje, há 2,5 mil estudos sobre a ação dos antiinflamatórios no coração. Trabalhos associados especificamente ao enfarte, 860. "Não significa que as pesquisas afirmem que o remédio faz mal ao órgão. Mas, certamente, o grande número de trabalhos mostra que existe uma associação muito importante", diz Ibraim Pinto, cardiologista do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo.

Uma das ações indiretas dos antiinflamatórios é anticoagulante. Eles inibem a tromboxane, uma substância química que está relacionada ao processo inflamatório e também à formação de plaquetas – componentes do sangue responsáveis pela coagulação, ou seja, que têm como principal função coibir os sangramentos.

O efeito pode ser benéfico ou não. Quando se juntam, as plaquetas formam coágulos, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos. O antiinflamatório (a Aspirina é mais eficaz nesse caso) tem ação protetora porque envolve a membrana das plaquetas. A "capa" impede que elas se juntem e, também, faz com que elas fiquem mais resistentes, não rompendo quando passam por vasos com placas de colesterol, por exemplo.

Em compensação, estudos clínicos mostraram que alguns antiinflamatórios agem diretamente no coração, interferindo no funcionamento das células do órgão. A conseqüência é o estreitamento das artérias que levam sangue ao coração, aumentando as doenças cardiovasculares. Entre elas, angina (dor causada pela falta de oxigênio ao coração), enfarte e derrame cerebral.

Foi o que ocorreu com o Vioxx. "A origem dessa interferência ainda não é conhecida, mas já basta para afirmar que devemos ter cautela", avalia o cardiologista do Hcor. Há duas gerações de antiinflamatórios. Os da primeira inibem indiscriminadamente duas enzimas que participam do processo de inflamação, COX 1 e COX 2. Aspirina, Cataflam e Feldene estão entre os mais conhecidos. Os remédios de última geração, como Celebra e Arcoxia, inibem principalmente a COX 2.

As COXs

A diferença é fundamental. A COX 1 está presente principalmente na mucosa gástrica – por isso que uns dos efeitos colaterais desses antiinflamatórios são gastrite, sangramentos gástricos e úlceras. A COX 2 aparece quando há inflamação. As duas produzem a substância tromboxane, ligada ao processo inflamatório.

A inflamação é uma reação natural do corpo para se recuperar de uma agressão, é a luta do corpo para restabelecer um tecido lesionado – o sistema imunológico é recrutado, vasos sanguíneos se dilatam e células são acionadas para estimular o crescimento da parte machucada. Entre as reações mais comuns, dor e calor local.

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