Laboratório
Exame dá o diagnósticoem duas horas
Um exame capaz de diagnosticar a tuberculose em menos de duas horas começará a ser testado no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2011. Atualmente, o resultado pode demorar mais de dois meses para ficar pronto. A fase piloto deve durar quatro meses e será feita no Rio de Janeiro e em Manaus, cidades que mais concentram casos da doença.
"Se obtivermos os mesmo resultados dos testes preliminares, implantaremos o exame em toda a rede ainda em 2011. Será uma revolução no tratamento", diz Dráurio Barreira.
O método, chamado GeneXpert, já foi testado com sucesso em outros países e recebeu o aval da Organização Mundial da Saúde (OMS). O exame consiste em uma máquina e um recipiente onde é colocada a amostra com secreção respiratória do paciente. Em pouco tempo, a máquina analisa o material biológico e indica se há presença do bacilo de Koch.
O teste também permite saber se o paciente tem sensibilidade aos medicamentos mais comuns usados no tratamento ou se a bactéria é do tipo resistente. A praticidade do teste permite ainda que ele seja facilmente aplicado em moradores de rua e povos indígenas.
Mas para vencer a guerra contra a tuberculose, além do rápido diagnóstico, o Brasil também precisa reduzir a taxa de abandono do tratamento, que está em torno de 12%.
O preconizado pela OMS é bem menor, entre 0% e 5%.
O Brasil pertence ao grupo de 22 países que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. No país, 72 mil pessoas são acometidas por ano e 4,7 mil morrem por causa da doença. Ainda assim, a maioria dos brasileiros desconhece que a tuberculose é transmitida por contato com as gotículas de saliva de pessoas contaminadas, revelou uma pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), para a qual o Instituto Datafolha ouviu 2.242 pessoas com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, em 143 municípios.
Embora 94% tenham afirmado conhecer a tuberculose, somente 1% acertou, em resposta espontânea, a forma de transmissão. Por outro lado, quase 60% acreditam erroneamente que a doença possa ser causada ou agravada pelo fumo, 39% por clima frio ou úmido, 33% por poluição e 18% disseram que é hereditária.
O desconhecimento dos sintomas também é preocupante. Embora 55% tenham citado a tosse contínua, principal manifestação da doença, só 23% mencionaram febre, 20% dor no peito ou nas costas e 25% não souberam citar nenhum sintoma.
Para Roberto Stirbulov, presidente da SBPT, é justamente a falta de informação o principal obstáculo para o controle da doença. "Esses resultados foram um alerta de que precisamos fazer ações educativas."
O pneumologista Alexandre Milagres, que coordena um serviço de referência no Rio de Janeiro, conta que nos grandes centros urbanos mais de 30% dos casos só são diagnosticados nos setores de emergência, quando os pacientes já estão com um quadro grave. "Isso significa que eles já estavam há meses contaminando outras pessoas em casa, no trem ou no trabalho."
O médico acredita que a informação pode mudar o quadro, mas não basta uma ação voltada apenas para a população. "Muitas vezes nem o médico pensa em tuberculose. Confunde com gripe e dá um antitérmico, sem nem pedir um raio X", diz.
A cozinheira Edna Aparecida Costa, de 47 anos, foi vítima desse desconhecimento. Ela e a irmã foram contaminadas em casa, pelo irmão. "Eu ajudava minha mãe a cuidar da minha irmã. Primeiro a trataram como se fosse pneumonia, depois como se tivesse problema na coluna", conta. Sem saber o motivo, Edna começou a emagrecer e a sentir cansaço. Um ano depois, quando foi encaminhada para o Instituto Clemente Ferreira, referência no combate à doença, recebeu o diagnóstico. "Minha irmã morreu e eu perdi o pulmão direito."
Estima-se que uma pessoa contaminada transmita a doença para 10 a 15 pessoas por ano se não tiver tratamento. "A melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce. É quebrar a cadeia de transmissão", diz Dráurio Barreira, coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde. O paciente deixa de transmitir a doença duas semanas após o tratamento, que dura seis meses e é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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