Brasília – Foi dada a largada oficial da corrida pelo espólio do PMDB. Sepultada a candidatura própria do partido a presidente da República ontem, o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PSDB do presidenciável Geraldo Alckmin digladiam-se agora pelos palanques estaduais do PMDB que irão fortalecer suas candidaturas ao Palácio do Planalto. E quem saiu na frente foi o presidente Lula, que espera fechar o apoio de até 22 diretórios estaduais do PMDB em favor do projeto da reeleição.

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No fim da tarde, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB- MA) foram ao Planalto conversar com Lula. Segundo um dirigente da ala governista do partido, no entanto, a agenda do PMDB não era eleitoral e sim administrativa. Antes de tratar das alianças futuras para a reeleição, a idéia é resolver o presente, cobrando promessas de nomeações feitas ao partido há cerca de um ano.

O dirigente governista lembra que, quando o PMDB ganhou o segundo ministério, foi fechado o compromisso de "verticalização" dos cargos de cada pasta, que afinal não foram entregues ao partido. Com isto, os apadrinhados da cúpula governista para ocupar vários cargos em estatais importantes, como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), estariam pressionando o partido para que a questão seja resolvida antes do prazo fatal para as nomeações, que termina em 30 de junho.

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Os peemedebistas querem de volta a presidência da Eletrobrás, que o partido desocupou há três meses para que seu presidente Marcos Lima pudesse disputar uma vaga de deputado por Minas Gerais nas eleições de outubro. Reivindica também posições nos Correios, na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A ala governista do PMDB avalia que o Planalto terá interesse em atender ao partido porque, embora alardeie o apoio de 22 diretórios, a contabilidade dos independentes e partidários do PSDB na disputa presidencial é outra. "Quem fizer um levantamento dos estados verá que o partido está dividido", resumiu o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Os adversários do Planalto acreditam que Alckmin conseguirá montar palanques fortes, com a presença do PMDB, em 12 estados: PE, DF, RN, AC, RS, SC, PR, MS, MT, RJ, SP e MG.

Lula, que na semana passada reunira a cúpula governista do PMDB no Planalto, chegou a programar um segundo encontro do qual participaria também a direção do PT, para apressar uma composição entre os dois partidos nos estados. A reunião foi adiada por conta da reviravolta nas regras eleitorais, provocada pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral que endureceu o limite às alianças e depois voltou atrás.