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A Polícia Federal em São Paulo abriu 54 inquéritos para apurar indícios de crimes envolvendo policiais. As suspeitas surgiram durante sindicâncias internas e Procedimentos Administrativos Disciplinares (PADs) produzidos pela própria Corregedoria da corporação.

A informação foi divulgada nesta segunda-feira (23) pela Procuradoria da República. O Grupo de Controle Externo da Atividade Policial, órgão do Ministério Público Federal, comunicou que os inquéritos foram instaurados depois que a procuradoria requisitou à PF que "cumprisse a lei e abrisse inquérito policial em cada caso que houvesse indícios de crimes praticados por policiais".

Os casos sob análise, em sua maioria, são relativos ao período de 2006 a 2008. Há suspeitas sobre infrações que teriam ocorrido anteriormente. Segundo a procuradoria, a PF "atendeu requisição do Ministério Público e informou sobre a abertura de 54 inquéritos".

A PF entregou a relação de todas as sindicâncias e processos disciplinares. O procurador Roberto Antonio Dassié Diana, que dirige o núcleo de controle externo, deu início a um levantamento sobre o contingente de policiais que são alvos dos inquéritos. Com a entrega do acervo, o Grupo de Controle Externo "pretende aprofundar investigações e procedimentos abertos pela instituição para apurar possíveis crimes cometidos por policiais federais".

Segundo a procuradoria, a PF se negava a fornecer essa lista. "Após realização de investigações próprias, o Ministério Público Federal constatou e denunciou casos em que a PF tratava de crimes praticados por policiais somente no âmbito administrativo interno, sem instaurar o devido inquérito policial ou comunicar os fatos criminosos à procuradoria", destaca nota distribuída pela Procuradoria da República.

Para Dassié, a decisão da PF de abrir os inquéritos agora "confirma suspeita inicial de que fatos criminosos que surgiam nas investigações internas da PF, de cunho administrativo, deixavam de ser apurados ou demoravam para ser investigados". Dassié afirma que alertou sobre a situação em ofícios à PF nos meses de janeiro, março e outubro deste ano.

O Ministério Público Federal informou que "descobriu narrativas de delegados federais sobre desvios de bens". É citado o procedimento de número 53/2005, que trata de suposto sumiço de contrabando apreendido em operação da PF. Nesse procedimento um delegado afirma "que a forma como os produtos eram apreendidos e contados pela Delegacia de Crimes Fazendários (Delefaz), poderia, em tese, facilitar esquema de desvio de mercadorias, que pode chegar a valores mínimos em torno de R$ 1,5 milhão por ano".

A Procuradoria da República vai analisar os documentos da PF para providências "incluindo eventual responsabilização de quem não abriu inquérito policial e, por ventura, deixou crimes prescreverem".

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