A Força Tarefa CC5, núcleo de delegados da Polícia Federal (PF) que investiga crimes econômicos, encontrou, no Centro de Curitiba, R$ 320 mil em um apartamento e um veículo do ex-vereador Cláudio Thadeu Cyz, de Campo Largo. Há um mês e meio, ele desapareceu com aplicações de centenas de campo-larguenses. No imóvel estavam R$ 250 mil e, dentro do carro, guardado na garagem do prédio, havia outros R$ 70 mil, em notas de todos os valores de real.
O inquérito instaurado pela PF faz parte dos desdobramentos das investigações iniciadas na delegacia de Campo Largo. De acordo com o delegado local, Alcimar de Almeida Garrett, os mandados de prisão de Cyz e de sua mulher, Adelir Suziki, já foram encaminhados para diversos órgãos de segurança do país. A PF não descarta a possibilidade de solicitar apoio internacional, como o da Interpol, para localizar o ex-vereador. Em nota, os agentes federais lembram que, em 2005, um brasileiro envolvido com remessa bilionária ao exterior foi preso em Praga, capital da República Tcheca.
As apreensões feitas pela PF durante a operação batizada como "Milagre Econômico" foram autorizadas pela 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba. As buscas foram realizadas ontem e na última sexta-feira. Além do dinheiro, foram apreendidos outros bens e provas de atividade financeira irregular do ex-vereador. De acordo com a PF, com autorização judicial o dinheiro poderá ser utilizado no pagamento de custos processuais, credores e tributos sonegados. O mesmo destino podem ter os bens apreendidos, depois de leiloados.
Segundo nota da PF, o inquérito que investiga o provável golpe tem documentos que indicam crime de caráter financeiro já que Cyz não tinha autorização para operar uma instituição financeira , além de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Cerca de 440 pessoas sentiram-se lesadas e já compareceram à delegacia de Campo Largo para prestar queixa. De acordo com o delegado Garrett, as ocorrências somam aproximadamente R$ 10 milhões. A PF estima que o suposto golpe tenha rendido cerca de R$ 70 milhões, mas os rumores na cidade indicam um calote muito maior: Cyz teria sumido com R$ 200 milhões.
O ex-vereador mantinha um escritório de consultoria financeira no Centro de Campo Largo havia pelo menos oito anos. De acordo com vários clientes, ele recebia o dinheiro e alegava que o valor seria aplicado na Bolsa de Valores. Muitos campo-larguenses passaram a viver dos juros do negócio. O rendimento ficava próximo a 4% ao mês, chegando até a 8%.
