Além da destinação de R$ 7,3 milhões em bolsas de pesquisa para pessoas sem nenhum vínculo com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Polícia Federal também investiga a suspeita de superfaturamento em negociações com uma empresa fornecedora da instituição. A Reagen Produtos de Laboratório, com sede em Colombo, recebeu ao menos R$ 1,4 milhão da UFPR, de 2007 a 2016.
Aposentada de 80 anos é apontada como uma das cabeças do desvio da UFPR
Leia a matéria completaO proprietário da empresa, Jorge Luiz Bina Ferreira, foi um dos cinco presos nesta sexta-feira (3), na segunda fase da Operação Research. Ele é marido de Gisele Aparecida Roland, também presa e acusada – junto com a mãe, Maria Áurea Roland, servidora aposentada da UFPR – de comandar o esquema de fraude na instituição. A família Roland seria destinatária de uma fatia considerável dos recursos desviados.
Sem entrar em detalhes, a PF apontou que há indícios de superfaturamento dos preços praticados pela Reagen. Também há dúvidas se os produtos foram efetivamente entregues à UFPR. A universidade informou que irá abrir procedimento para verificar a adequação dos preços e se os componentes chegaram aos locais de destino. No site da empresa constam, entre os produtos oferecidos, reagentes e utensílios para laboratório.
No Portal da Transparência, do Governo Federal, a Reagen aparece como beneficiária de pagamentos de uma série de órgãos públicos, incluindo outras instituições de ensino superior e o Ministério da Defesa. Contudo, nos últimos dez anos, a UFPR foi a instituição pública que mais comprou da empresa, chegando à marca de R$ 400 mil em 2009.
Não houve processo licitatório para contratar a Reagen. De acordo com a UFPR, o argumento é o artigo da lei 8.666 que dispensa licitação em casos de aquisição ou contratação de produtos para pesquisa e desenvolvimento. Ainda de acordo com a UFPR, os procedimentos de pagamento eram feitos pela funcionária Conceição Abadia de Abreu Mendonça, presa na primeira fase da Operação Research e acusada de ser uma das mentoras dos desvios.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos presos, mas o espaço segue disponível para que a defesa apresente argumentos.
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