O esquema
Dinheiro sujo chegava à quadrilha via operadores de câmbio
Segundo a Polícia Federal, as investigações do caso começaram em fevereiro deste ano, quando houve a identificação do pecuarista de Umuarama que, com apoio de pessoas de Londrina e de outros estados, recebia carregamentos de cocaína vindos do Peru e da Bolívia.
No cruzamento de informações, a PF descobriu que um suspeito de tráfico de drogas passou a fazer grandes negócios com investimentos em fazendas, aeronaves, viagens e outras regalias incompatíveis com a renda declarada.
Segundo a PF, o fazendeiro montou uma rede que se especializou em trazer a cocaína até Ariquemes (RO), onde era camuflada em madeiras de casas pré-fabricadas e transportada de navio, a partir de Porto Velho até a Europa, principalmente Espanha.
A quadrilha recebia pagamento pelos envios principalmente em euros, que eram enviados para uma rede de operadores ilegais de câmbio em São Paulo e Umuarama.
Após a lavagem do dinheiro, ele era usado para a aquisição dos bens, que são alvo de parte dos mandados expedidos pela Justiça.
Como parte das investigações, em setembro, a PF apreendeu 830 quilos de cocaína camuflados em meio à madeira. De acordo com o delegado Elvis Secco, a droga apreendida é avaliada em US$ 40 milhões. "A estimativa é que após o pagamento dos interventores, ficasse US$ 20 milhões de lucro para a quadrilha."
Luxo
Em Londrina, os integrantes do grupo criminoso tinham uma vida luxuosa. Eles lavavam dinheiro comprando lanchas, jet ski, veículos e imóveis de alto padrão. "Eles se infiltram na alta sociedade e vivem uma vida luxuosa, sem qualquer pudor", salientou o delegado federal Elvis Secco.
Cerca de 180 policiais federais e 10 auditores da Receita Federal deflagraram, ontem, uma grande operação contra o tráfico internacional de drogas em cinco municípios do interior do Paraná. A ação ocorreu nas cidades de Umuarama (base da quadrilha), Londrina, Altônia, Cruzeiro do Oeste e Maria Helena. Também foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rondônia.
Ao todo, 12 pessoas foram presas. Um outro acusado, de Umuarama, continuava foragido até a tarde de ontem. A PF também cumpriu 16 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor); 39 de busca e apreensão em domicílios (por documentos e provas); 42 de busca e apreensão contra bens móveis (veículos, embarcações e aeronaves) e 3,5 mil de busca e apreensão de cabeças de gado.
Também foram expedidas ordens de bloqueio de 43 imóveis, entre eles sete fazendas, quatro sítios, cinco apartamentos, nove casas e dois prédios comerciais. O total de bens incluídos nesta ordem é de mais de R$ 60 milhões. Além dos imóveis, foram bloqueadas as contas bancárias de 17 pessoas.
As ordens judiciais da operação, batizada de Denarius (dinheiro, em latim), foram expedidas pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba o mesmo da Operação Lava-Jato.
Líder
A PF prendeu o suspeito de chefiar a quadrilha em Londrina, Norte do Paraná. Ele é pecuarista e vive em Umuarama, mas tem um apartamento na Gleba Palhano, bairro nobre da cidade, onde foi localizado pelos agentes. A Polícia Federal não divulgou o nome completo dele, mas afirmou que o pecuarista é conhecido como Tony Boiada.
A suposta amante dele, de 23 anos, também foi presa em um apartamento na Rua Piauí, no Centro da cidade. De acordo com o delegado da Polícia Federal de Londrina, Elvis Secco, a jovem não participava efetivamente das operações da quadrilha, "mas tinha conhecimento de todo o esquema". Com os dois, a polícia apreendeu uma Mercedes-Benz e um Volkswagen Jetta. Eles foram ouvidos na sede da Polícia Federal em Londrina durante a manhã de ontem.
Os agentes também apreenderam um helicóptero no Aeroporto 14 Bis. Também foi apreendido um avião em uma cidade próxima a Umuarama. O helicóptero, de prefixo PR-YFH, é de propriedade da empresa Viaer. Gedson Ferreira, gerente da empresa, confirmou que a aeronave modelo Robinson R44II estava arrendada ao suspeito.
Segundo o delegado, a droga contrabandeada pela quadrilha não passava por Londrina. A cidade servia apenas como "base logística" do esquema. Lá, os integrantes do grupo criminoso tinham uma vida luxuosa. Eles lavavam dinheiro comprando lanchas, jet ski, veículos e imóveis de alto padrão.
Mera coincidência
O modus operandi da quadrilha é parecido com o descoberto na Operação Lava Jato: a droga vem do Peru e da Bolívia e segue, disfarçada, para a Europa. Segundo o delegado federal Vinícius Zangirolani, porém, os dois esquemas, embora parecidos, não têm conexão. "Durante todo o período de investigação não encontramos nenhuma coincidência entre os dois casos."
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