Com 19 mandados de busca e apreensão cumpridos em Londrina, Curitiba, Foz do Iguaçu e outras quatro cidades do interior do Paraná, a Polícia Federal (PF), na "Operação Caduceu", espera ter encontrado provas para desvendar um esquema de fraudes na concessão de benefícios previdenciários no INSS. As autorizações judiciais foram expedidas pela juíza Anne Karina Stipp, da 1.ª Vara Federal Criminal de Curitiba. Caduceu é o nome do símbolo da profissão de contador e contabilista, um bastão com duas serpentes e um elmo alado.

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Cinco escritórios de contabilidade e pelo menos 12 contabilistas e funcionários estão no alvo da PF, que mobilizou 77 agentes federais e 12 auditores do INSS para a operação, deflagrada em todas as cidades de forma simultânea, logo no começo da manhã de sexta-feira. Não houve detidos.

Em Londrina, a PF invadiu as residências e um escritório de contabilidade no centro da cidade, pertencentes a dois profissionais suspeitos. Somente no escritório os federais apreenderam mais de 150 carteiras de trabalho, computadores, documentos e guias da Previdência Social. O material será periciado em Curitiba. A PF monitorava o esquema há um ano e vê indícios de crimes de estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e fraude em documentos públicos.

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A quadrilha investigada inseria dados de vínculos empregatícios falsos em sistemas usados pelo INSS para controle do histórico dos trabalhadores na ativa para fins de concessão de benefícios. O INSS de Londrina constatou fraude na obtenção de 160 aposentadorias. Outras 900 inserções de dados de trabalhadores no sistema também estão sob suspeita. O prejuízo é de R$ 170 mil mensais – R$ 7 milhões ao todo, desde o início da investigação.

Os "serviços" dos contabilistas, de acordo com a PF, eram contratados pelos interessados por cerca de R$ 13 mil. Todos os beneficiários também estão na mira da investigação. "Atuavam de diversas maneiras, inclusive com a montagem de processos falsos que chegavam ao INSS pelas mãos dos próprios trabalhadores", apontou o delegado Wagner Santana da Veiga, da Delegacia Previdenciária da PF em Curitiba.

Em alguns casos a quadrilha montava documentos e falsificava carimbos de empresas, fechadas ou em funcionamento, para registrar os funcionários.

Uma das situações que despertou a atenção dos federais foi o de uma confecção de Londrina, atualmente em plena atividade e que só contrata mulheres para o serviço. A PF descobriu nos cadastros do INSS um único homem, que estava aposentado pelo estabelecimento. Nem mesmo o dono do negócio sabia da irregularidade.