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Manifestação

PF dividida sobre rumo do protesto

São Paulo – Os policiais federais, que querem 30% de recomposição salarial, estão divididos sobre os rumos do movimento da categoria. Algumas lideranças defendem paralisação de 24 horas em protesto contra o que chamam de "descaso do governo" – o reajuste deveria ter sido concedido em dezembro, de acordo com pacto firmado no início de 2006 entre o Ministério da Justiça e as entidades de classe da Polícia Federal. Outros dirigentes apostam na negociação e preferem aguardar o resultado de reunião agendada para dia 10 com o Ministério do Planejamento.

Os mais exaltados querem deflagrar operação-padrão já amanhã, coincidindo com o início do feriado da Semana Santa. Eles pretendem incluir na jornada portos, fronteiras e aeroportos, onde passageiros poderão ser submetidos a procedimentos rigorosos de revista de documentos e passaportes.

Ontem à tarde, o Sindicato dos Servidores da PF em São Paulo divulgou nota intitulada "Operação-padrão, acordo é para ser cumprido". Segundo o texto, a ofensiva "consiste em seguir rigorosamente todas as normas da atividade". O sindicato informou que os policiais devem agir nos aeroportos de Cumbica, Congonhas e Viracopos, além do porto de Santos, das 14 às 22 horas. "O movimento nas entidades estaduais foge da alçada da entidade em nível nacional", disse Sandro Avelar, presidente da Associação Nacional dos Delegados Federais. "Alguns Estados estão ameaçando fazer operação-padrão. Eu não apóio, mas compreendo."

Os federais entraram em consenso sob dois aspectos: em uma mobilização de todas as carreiras policiais para uma marcha, dia 18, na Esplanada dos Ministérios; e nas críticas ao governo, a quem atribuem "calote na PF".

Ontem, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que firmou o acordo com os federais em fevereiro do ano passado prevendo reajuste de 60% em duas parcelas, admitiu que "aquele compromisso existiu realmente, isso não pode ser negado". Bastos declarou que o ajuste "deve ser cumprido", mas sugeriu novo debate. "Acredito que (o acordo) vá ser temperado por uma negociação como essas questões sindicais devem ser tratadas."

Os federais, no entanto, avaliam que as negociações já se esgotaram. "Negociamos durante um ano e meio, eles (o governo) têm que cumprir", declarou Marcos Vinício Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais. "É como vender um carro para alguém. O comprador dá dois cheques, um é descontado no prazo certo, o outro é trocado por conversa. Isso é calote. O nosso acordo foi fechado há mais de um ano, não é uma despesa nova. Se é despesa nova foi por descontrole deles. O Ministério da Justiça assinou o documento como governo."

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