As conclusões sobre os danos provocados pelo vazamento de óleo da Chevron, ocorrido no Campo de Frade, na Bacia de Campos, em novembro do ano passado, colocaram a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público em lados opostos. Peritos da PF e o procurador da República que atua no caso, Eduardo Santos de Oliveira, discordam sobre as consequências do vazamento.

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Um relatório de peritos da Polícia Federal, divulgado nesta semana pela imprensa, conclui que o vazamento de petróleo não provocou danos ambientais. O laudo pericial da PF, com 70 páginas, foi encaminhado à Justiça, para ser anexado ao inquérito, entregue em março deste ano ao Poder Judiciário, com base em denúncia do Ministério Público Federal.

Na quinta-feira, o procurador Eduardo Santos de Oliveira divulgou nota dizendo ter ficado "apreensivo" com a conclusão da Polícia Federal. Ele questionou o documento dos peritos federais com base em conclusões anteriores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Marinha e da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que autuaram "seguidamente" a Chevron devido ao acidente.

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O procurador lembrou que o próprio delegado responsável pela investigação da Polícia Federal, Fábio Scliar, havia reconhecido o dano ambiental em seu inquérito, com base nas opiniões de especialistas, do Ibama e da ANP.

"Um laudo como o que foi noticiado pela mídia, que acima e ao revés de todas as provas e evidências afirma que não houve dano ambiental, nos deixa apreensivos quanto ao futuro do meio ambiente e do patrimônio da União, na medida em que estabelece perigoso precedente quanto ao vazamento e derramamento de óleo cru em águas oceânicas, em solo marinho e na costa", diz o procurador, na nota.

Ele pede ainda explicações sobre a metodologia utilizada pelos peritos para chegar à conclusão. Eduardo Santos de Oliveira também diz que as conclusões anteriores, de que houve, sim, dano ambiental, foram "mais do que suficientes para embasar a denúncia" oferecida pelo Ministério Público Federal à Justiça.