Policiais federais decidiram suspender a greve e voltar ao trabalho após 70 dias de greve. Os sindicatos estaduais da categoria aprovaram em assembleias realizadas na quinta-feira passada e ontem a proposta da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) pela suspensão da paralisação nacional iniciada em agosto e que teve a adesão de mais de 7 mil agentes, escrivães e papiloscopistas de todo o país. Das cerca de 25 categorias do funcionalismo público federal que se mobilizaram neste ano, a Polícia Federal era a única que continuava em greve.
A decisão de voltar ao trabalho apesar de não se ter chegado a um acordo sobre a reestruturação salarial foi motivada pela sinalização do Ministério da Justiça em atender algumas reivindicações para a melhoria das condições de trabalho. A última proposta do governo para os funcionários em greve, apresentada no dia 26 de agosto, foi um reajuste de 15,8%, dividido em três anos. Sem acordo, os policiais federais haviam decidido manter a greve mesmo depois de o governo encerrar as negociações envolvendo valores.
Ao trabalho
Em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, os agentes voltaram ao trabalho ontem. Segundo a presidente do sindicato local, Bibiana Orsi, a categoria decidiu suspender a greve temporariamente, mas manterá os protestos. "O tempo que permaneceremos trabalhando dependerá da evolução nas negociações com o Ministério da Justiça até sermos efetivamente atendidos", comentou destacando que o primeiro dia de trabalho foi "lento e vagaroso" e que ainda não é possível estimar o volume de trabalho acumulado.
Fronteira
Na fronteira, aumento do efetivo, melhoria das estruturas físicas dos postos de fiscalização e reaparelhamento, com mais viaturas e armas, são as principais exigências da categoria. "Está aberto um concurso interno de remoção em todo o país. Aqui em Foz do Iguaçu, pelo menos um terço dos agentes se inscreveu. Se essa quantidade for embora não há garantia nenhuma de que outros agentes virão para cá na mesma quantidade. Não existe qualquer incentivo para isso. O que trabalha aqui tem o mesmo salário do que trabalha em Fortaleza", apontou.
Para o presidente da Fenapef, Marcos Wink, a pressão do movimento sobre o governo surtirá efeito e terá resultados. Para isso, os protestos e manifestações da "Operação S.O.S. Polícia Federal", antes restrita às ruas, será levada para dentro dos postos e delegacias. "Nós estamos apenas mudando de trincheira. Vamos continuar unidos e focados com a certeza de que as reestruturações virão e a Polícia Federal vai mudar.
"Sempre deixamos claro que nossa meta é a reestruturação da carreira e da tabela salarial e vamos lutar por esta agenda."
Reflexos
Segundo a Fenapef, a paralisação a mais longa da história da Polícia Federal afetou boa parte das atividades de responsabilidade da corporação. Levantamento feito pela entidade sindical indica que de janeiro a julho vinham sendo realizadas 23 operações em média por mês. Durante os 70 dias de greve completados ontem, foram apenas 13 no total. As ações de repressão tiveram maior redução: 96, de março a julho, e somente 13, em agosto e setembro. Por meio da assessoria de imprensa, a PF informou que não se pronunciará sobre a suspensão.
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