Cuiabá A Polícia Federal já identificou um grupo de pessoas que teriam sido utilizadas como "laranjas" na aquisição dos dólares que serviriam para a compra de um dossiê contra candidatos tucanos. Segundo uma fonte ligada à investigação, a PF tenta agora agendar o depoimento desses supostos "laranjas" no inquérito que apura o caso, o que poderá ocorrer ainda nesta semana. O grupo, de acordo com o informante, é composto por pessoas de uma mesma família, de origem humilde, residente no subúrbio do Rio de Janeiro.
Os documentos dessas pessoas podem ter sido utilizados sem a autorização delas para a compra dos US$ 248,8 mil apreendidos no dia 15 do mês passado juntamente com R$ 1,1 milhão. O dinheiro estava em poder de Valdebran Padilha e Gedimar Passos em um hotel na capital paulista.
"Temos de ouvir esses "laranjas" para saber a verdadeira origem do dinheiro que seria usado na negociação", explicou a fonte.
A maior parte do montante em moeda americana foi adquirido, segundo a PF, na Vicatur Câmbio e Turismo Ltda, uma agência de turismo instalada em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. No entanto, o fato de parte dos recursos ter sido adquirida nessa casa de câmbio não significa que ela esteja envolvida em irregularidades.
A PF já recebeu do Banco Central todas as informações relativas à Vicatur. A empresa está em atividade há cerca de 20 anos e desde abril de 1999 possui autorização para comercializar dólares.
Vicatur nega
Marco Apolo, representante da família de um dos sócios da Vicatur, negou ontem que a casa de câmbio da Baixada Fluminense esteja envolvida com a emissão dos US$ 248,8 mil que seriam usados por petistas para a compra de um dossiê contra tucanos. Apolo afirmou que os donos da corretora, Fernando Manoel Ribas Soares e Sirlei da Silva Chaves, vão pôr à disposição da Polícia Federal, se necessário, todas as operações feitas pela empresa. "A empresa funciona na legalidade. Todas as operações que fizemos informamos ao Banco Central e ao Banco do Brasil", defendeu-se Apolo, que é cunhado de Fernando Ribas.
A agência funciona desde 1986 e atualmente fica na Avenida Governador Amaral Peixoto, no Centro de Nova Iguaçu. Segundo informações do Banco Central, a empresa tem autorização para comercializar dólares desde abril de 1999.
Policiais envolvidos na investigação identificaram vários saques feitos na Vicatur, em diversas oportunidades. De acordo com a investigação, outras corretoras da região podem estar envolvidas.